Eita, que meu coração se acabe em
revolta e depressa se refestele com as finalidades da natureza física. Eita,
que o corpo não resistindo ao transbordar da vivacidade humana se exploda em
pedaços aquietados pela própria energia. Vai-se morrendo devagarinho, sem pressa.
Quando não estamos do outro lado de nós mesmos e morremos é como se nossa
existência estivesse derrotada, falida. Quando pensamos que somos nós os barões
de um interior é ali, no ressentimento de que não somos heróis de nós mesmos, que o
fim se inicia. Do nosso outro lado de cá, ficam as cicatrizes, as mágoas, as
conquistas, os flashes de lembranças que só são revividos graças à eficiência de
uma parte da natureza física.
Seja noite ou tarde, não importa
o horário exato, desde que não seja pela manhã, o ócio se aproveita e vai
roendo a carne. A pessoa quanto mais experiente é mais o corpo vai resistindo ao crescimento de nossos lados internos. É forte demais a humanidade de alguém que se entrega em arte. É demasiadamente
incrível como uma só mergulhada no lago do teatro e do canto nos faz condenados
a uma vida imensamente bela.
É na manhã que partimos para o
sagrado, o pueril, o eterno silêncio e também árduo embruscamento. É pela manhã que todo
início parece não ter término, que toda imensidão pode ser revelada e que todo
ar nos revigora.
Há mais certezas na manhã que a tarde, mesmo preguiçosa, e a noite, a mais lasciva das forças, podem alcançar.
Há mais certezas na manhã que a tarde, mesmo preguiçosa, e a noite, a mais lasciva das forças, podem alcançar.