11 dezembro, 2009

Devore

O meu pensamento não para de imaginar
inventar maneiras de conquistar o seu corpo
quando me deslumbro com seu jeito
enfim, percebo-o.

Quando lembro do brilho de minha vida
forma tão informal de representar a verdade emocional
desfaço o charme da voluptuosidade
esquecendo cada detalhe da rotina.

Vida antes desenxabida
anteriormente enfraquecida pelo egocentrismo.
Recentemente a vivifico
conforme o vazio de não lhe possuir.

Pertençamos a todos
mas o que eu quero mesmo
é deixar de pertencer somente a mim.

Apareça, vamos!
Apareça sutilmente,
semelhante ao fato feito no inverno.

Estamos em outra estação:
aquela em que o corpo desidrata.

Decida apenas fitar-me
por favor, decida.
o engano é tão bom
gentilmente fortalecido
ansiosamente canibal.

Ah a carne!

Os meus braços já estão fortalecidos
também, os meus dedos
Minha pele se faz alvadia.

Vá lá, vá! Agora não é seu momento
Em breve será um ser
Logo virão a repressão e o encolhimento
censura, apatia
nervosismo, fobia
ansiedade e
quase sempre o distanciamento.

Desejo que em um universo pessoal o auxílio lhe seja farto
e nele a reconstrução
Exclame "sim"!
não tente oportunizar o impossível.

Devore-os, devore-as
Sossegue em meu colo, por fim.

16 novembro, 2009

Desencantamento

Queria ter podido dizer que meu sentimento não é uma única paixão: é sentimento maior, fortalecido; hoje mesmo medroso, conscientemente vivo.
Mesmo juvenil...
Hoje você riu para mim... eu notei.
Por enquanto, esqueça o rito e só pertença a nós. Sós. Somente!
Mais uma vez o momento o retirou de meu desejo: o afeto para você se enamorar.
Você vai gostar do meu toque; adorará meu gosto; desejará meu olhar; reivindicará meu suor; perder-se-á em meu colo; vivificará nosso abraço, a fim de amar.
Quer alguém para entender o seu universo?
Eu não exigirei recompensa, apenas o que iria me entregar. Seja quando for, ou nunca.
Sabemos por certo que fomos um para o outro em um bom tempo: o periodo criador do meu amor.
Ah! Que bom! Até que um dia eu soube o que é amar.

15 novembro, 2009

Retorno


No começo dos anos 90, um jovem rapaz apaixonado por estórias incompletas se apresenta a um cinema, era sua primeira ida. Não menos incompleto como suas estórias prediletas, alcança a tribuna da bilheteria e reclama um ingresso para a sessão. Logo que consegue direciona-se para as poltronas, sem sacos de pipocas e refrigerante. Sozinho.

Pela manhã, imaginavam sua alegria para os comentários e, por pouquíssimo tempo entre o intervalo do banheiro e a saída para a escola, nenhuma palavra de satisfação foi ouvida. Nem mesmo o nome do filme comentou. Os argumentos e idéias mais brilhantes estariam por vir, não naquele momento nem naquela situação doméstica, afinal, o maior de todos os desejos humanos, para aquele jovem rapaz, era a solidão de um apartamento de médio tamanho no centro da capital. Não se sabe se seria a única sensação, mas a mais evidente, certamente.

Após chegar da escola, ainda com o mesmo semblante, o rapaz se queixa do clima: - Aqui faz um calor desgraçado! Disse à mãe, ainda preocupada com o preparo do almoço. Ela acena com a cabeça afirmativamente tentando concordar e logo que desocupasse do fogo iria chamar sua atenção e escutar um comentário, entretanto esperava demais daquele que um dia chamou de “filho querido”.

Satisfeito pela comilança, o rapaz lançou-se ao quintal para mais uma vez imaginar situações de desconforto com amigos e pessoas imaginárias. Elas não se comunicavam, ele não queria ouvi-las, na verdade. Tinha uma espiritualidade duvidosa, desde sempre. Achava graça de alguns fatos pouco hilariantes. Chegou até a rir quando soube de um suicídio mal concluído. Não, o jovem rapaz não era um canalha, nem uma pessoa de difícil convívio. Pelo contrário, chamava sempre os amigos para uma rodada de suco e biscoitos, quando se sentia muito ansioso. Era de muitas palavras alegres. Quando criança procurava ler todos os letreiros que encontrava pelo caminho de volta à casa. Ainda não adulto procurou esclarecer alguns significados, palavras estrangeiras e símbolos universais. Concordava consigo mesmo ao ler um livro, mesmo que fossem apenas as primeiras páginas. Lia pouco, contudo. A inteligência lhe foi grata, porém. Passou mais um dia em sua vida. “O tempo – dizia o rapaz – é a nossa mais deliciosa criação.”

01 novembro, 2009

Pegues

Faça isso sim
encantes
provoques a cada foto
Em cada retrato
Pois sendo ocular
me exergo maior e mais
Mais e mais... teu.

Amante de tua boca
sempre
Língua solta
fala precisa
Olhos contrários
Parcela de Um
Animado em dois.

Não me digas!
Ou melhor, digas sim!
declares

Ao menos uma vez
novamente só
que o nosso desejo
é vivo.

Mostres!
Eu ordeno... mostres!
Ordenes a mim, por favor
agora sabes
que meu peito é teu.

Derrames o teu suor
chames
chames o calor que há

Acertes o foco
Já não é mais um instrumento
é tão somente
o teu olhar para o meu.

Pegues
Pegues novamente

Mas pegues.
E não se esqueças
Somos nós.

Declames
Declames o teu desejo
Usando o que de maior valor
é meu: o teu olhar.

24 setembro, 2009

O novo olhar

Nem um pouco cansado de te ver
mesmo em foto.
Foi em uma tarde de inverno, chuvosa.
Contrária à predestinação de cada corpo e a tudo.
Que então eu declarei.
Precisava sentir a emoção se fazer palavra
e foi aceito por ti, unicamente.
Compreendido naquele instante
nosso. Vivido...
Foi em uma tarde de inverno
que libertei-me para ti
Declarando o meu gostar
e assim foi feito.
Vivifiquei o olhar
Nunca cansado de direcionar a ti
Rompendo moral e costumes.
De modo maior
Surpreendi-me, quando recebi o teu primeiro dizer, com letalidade.
Palavras ousadas.
Hoje não só minhas
Nossas!
E precisava declarar
e assim foi feito.
Foste a primeira parte de nossa relação
a declarar
E eu?
Servido de ti
Se dado mal, foi feito pelo gostar.
Se para o futuro elas se lançaram, palavras e emoções.
Lá estarei para envolve-las com meu corpo.
E não só estarei.
Alcançando-te, ainda.
Por fim palavras
Regozijem!
Pois o belo está em vós, também.
Amo-te, amo-te.
Por todo o nosso sempre.

17 setembro, 2009

Das revelações momentâneas

Até parece um dia comum de inverno. Não que eu quisesse pensar na estação e clima exclusivamente, nas temperaturas que influenciam meu descanso e o pouco repouso após o almoço. Mas o tempo agora, este em que vivemos, me traz algumas inquietações: viver sentindo o mórbido cotidianamente e inebiar-se com o frescor da jovialidade alheia.
O outro parece atraente, sem receios, descobridor das sensações, pesquisador de temáticas antes inexplicáveis e ousadas, ouvinte do passado e recriador do poético moderno. Surge desse modo uma questão: onde este jovial ser se insere na sociedade local, cada vez menos própria de uma leitura histórica e ativa politicamente, e qual papel representa para mim?
Em textos outrora escritos vivifiquei minhas vontades de contribuir com parcela de leituras acadêmicas e reflexões feitas, como a não discriminação de gênero e sexual, a manutenção e modesto consumo dos bens industrializados, a (re)valorização dos direitos políticos e humanos etc. Todos os bens humanos modernamente pretendidos, insistentemente discutidos e propositadamente pertencedores de propósito desconsiderável pelos detentores do poder local e internacional.
Mas que nada! O valioso som que a dúvida permite imprimir pelo jovem, naquele instante de atenção, parcialmente desconsiderado, valeu para uma nova impressão pessoal: o fundamental viver coletivamente. A nova tentativa, a firmação do passo e ritmo de leitura para as ações políticas, a maneira de reverter a violência velada e muitas vezes descarada dos ignorantes, o diálogo harmonioso nos espaços familiares, a intenção pelo todo no ambiente público e, mais ainda, a perspectiva pelo fortalecimento do saber, a fim de recomeçar os processos pessoais, foram recapitulados.
Quase sempre permiti tratar sobre o antigo em vista de uma recriação do viver humano presente. Hoje, precisei perceber mais atento o novo, o que está aqui comigo e junto a mim para encontrar um humano sentido de vida. Sem amarras ideológicas. Próprio de si. Próprio para o outro.
(Re)encontrei o sentido já enfraquecido. Contudo, fico especulando como uma criança: o que há nos olhos desse jovem que me idolatra?
Se a relação presente me permitir, voltarei a reescrever sobre o novo. Caso contrário, retorno para o conforto do antigo. Ouso aproximar minha intenção a de Claude Lévi-Strauss, que em entrevista proclamou não estar para o mundo que será ocupado por bilhões de pessoas e sim para o mundo das sociedades do passado, cujas análises foram feitas.

22 agosto, 2009

A nossa imagem

Eu procuro a tua imagem
Parece ensino de criança
Tu corres de minha visão
Como se eu não pudesse encontrar-te
Fora de mim
Mas
Para mim
Tu és um adulto

Procurei a tua imagem hoje à noite
Com respingos de ingenuidade
Não a encontrei como antes
Pois hoje sou um homem
Feito homem
Por ti

Procuro a tua imagem
Desejo da minha parte
Ainda, parte infantil
Leve, sem presas
Sem moral
Sem dono

Procuro a tua imagem
Assim
Leve, verdadeiro
Homem

Para mim tu és
A imagem mais bela que já vivi

E eu, moço
Frágil pareço
Esperançoso por fim.

01 agosto, 2009

Uma imagem do Céu

Por caminhos a peregrinação percorre.
Sem perceberem, as beatas e as crianças espalhadas entre o andor estão ocupando seus espíritos.
Causos juvenis são ditos entre as moças mais crescidas. Espalhando a descoberta de si mesmas pelo olhar entre as rendas, cerceada tantas vezes pelas vozes idosas.
O gesto discreto da carola, cujo rosário ocupa um lugar privilegiado no campo de visão do pároco.
Ele, contudo, suado, espera a próxima parada para um brevíssimo descanso. O repouso, por fim, apenas na hora da morte. Um sufoco, quase. Alívios momentâneos.
Os coroinhas estão postos ao lado do andor. Talvez eles sejam os mais próximos da benção.
Os auxiliares adjacentes parecem reproduzir a ordem do dia como se estivessem cumprindo a penitência outrora passada. As orações são árduas para aqueles que as Letras não se fizeram íntimas.


A jornada parece findar perto da lateral da capela.

Chão batido, parede rebocada e telhado disforme.
O vento abana as saias rodadas das senhoras de bem.
O chapéu do senhor procura alcançar outra razão.
Quase em seu proposto lugar o andor é bamboleado.
Um dos moleques que o segurava tropeçou.
E com um enorme susto, suspiros e tristeza são postos livremente.
Esperam o resultado fatal do desatento gesto.
Ouve-se ruído de pesar. Preces balbuciadas feitas à luz do nervosismo. Pretensões de ajuda. Mas não adianta nada, o feito já foi feito.


O santo, mesmo de barro, cai no chão seco.

Desfazem-se das comedidas posturas e furtam do profano os mais comuns dizeres de ofensa.
O santo caiu, entretanto não quebrou.
O mais próximo cata a estatueta e põe novamente no sacro sustento. E, longe do perigo, a última prece ao santo é proferida.
Na seguinte missa, o pároco envaidecido terá muitas confissões a receber. Palavras dadas ao vento são despropósitos, mesmo que por espanto, ainda mais se forem emprestadas ao infortúnio.

13 julho, 2009

A questão nacional - contemporaneidade, literatura e identidade nacional

Recentemente recebi este questionário que atende uma questão muito importante e que enxergo ser necessária nas escolas, pelo menos nos ensinos fundamental e médio. Abaixo entrevista dada a
O romance "Triste Fim de Policarpo Quaresma", de Lima Barreto, permite levantar alguns questionamentos em relação ao mundo contemporâneo. Entreviste uma pessoa culta!
Luiza Duque. O nacionalismo é uma caracteristica presente e marcante no Brasil contemporâneo?
André Luiz. Sim, pois foi criada uma identidade nacional graças a grupos bem mobilizados. Houve dois movimentos que permitiram criar um sentimento de Nação: o primeiro, podendo atribuir um caráter histórico, foi a independência política, no século XIX. Ela foi um movimento aonde grupos mobilizados se preocuparam em criar uma nova sociedade. Uma sociedade em que os fazeres não dependeriam mais de Portugal; e o segundo momento, também histórico, mas com aspecto cultural-artistico, foi o da Semana de Arte Moderna, em 1922, São Paulo.
Estes dois momentos sensibilizaram e criaram um sentimento pela Nação. Entretanto, por falta de leitura política e histórica, a população hoje como que se desfaz dos acontecimentos passados e se anima nacionalmente em momentos esportivos (COPA e OLIMPIADAS).

Luiza Duque. Ainda é possivel afirmar que existem grandes ideiais sendo defendidos no mundo atual? Exponha seu ponto de vista e, em caso afirmativo, apresente exemplos.
André Luiz. Existem dois grandes ideais, os quais impulsionam grandes idéias. Os dois maiores são o consumismo e a ecologia. Um se contrapõe ao outro. São divergentes. O consumismo é forçado pelo capitalismo e a ecologia é impulsionada pelo Movimento Ambientalista.

Luiza Duque. Na sua opinião que problemas existentes no mundo atual são merecedores de crítica e quais as possibilidades de solução que você apresentaria para eles?
André Luiz. Violência e consumismo. Contra as ações violentas é necessária mais leitura e a revalorização de ideias como a tolerância religiosa e liberdade. Para o consumismo uma das soluções seria a reeducação das sociedades para um consumo necessário, para a sobrevivência e não por necessidades superficiais (status, enriquecimento e deslumbre).

Luiza Duque. O que você pensa a respeito da influência de culturas estrangeiras sobre o modo de vida dos brasileiros hoje?
André Luiz. As influências sempre existiram. Entretanto, graças à globalização essas influências passaram a ser mais intensas. Certamente, o modo de vida dos brasileiros vai receber diretamente novas características culturais estrangeiras. Contudo, cabe aos brasileiros definir o que é bom e o que é ruim para a própria cultura.

Luiza Duque. Dê exemplos de algumas citações do mundo contemporâneo que mostrem como certas idéias radicais, quando defendidas de maneira extremista, podem conduzir também a resultados negativos.
André Luiz. Não me recordo de citações diretas feitas por pessoas, mas a ação política mais extremista que pude notar foi a política externa do Governo de George W. Bush, a favor de uma pretensa democratização em um país, como foi a guerra no Afeganistão, cuja cultura e pensamento são muito variados se comparados aos dos Estados Unidos e a maior parte do Ocidente. De mesmo modo ocorreu com o Iraque.
Fim.

28 junho, 2009

A Deus

Entregam-no a Deus,
aos deuses e deusas de uma eterna redescoberta pela duração temporal.
Duração de uma humanidade ainda com achados esparços,
fendas e rachaduras.
Com dignidade em reconstrução.

Assim como nós, você em vida ludibriou-se pelos prazeres
e encantos humanos.
E assim os fazemos.
Nós e aqueles!
Para onde iremos caminhar apesar de sua ausência?
Para um desconhecido fim?
Exatamente.

O que posso oferecer é um antigo dilema: está no desconhecido. Hoje para mim e para todos.
Escuro!? Certamente.
Claro!? Apenas durante as orações e despedida.
Adeus.
A Deus.

À memória de Lucas G. Fioreze
(* 02/02/1988 + 27/06/2009)

07 maio, 2009

Por que eu não consigo aprender o ofício de um poeta?

“O verdadeiro poema é sempre pedagógico.”
Mário Faustino

Por que eu não consigo aprender o ofício de um verdadeiro poeta?
Apesar de anos tentando espremer um punhado de saberes para compor um conto, obtive, entretanto, um conjunto poético: substancialmente ignóbil.
O que fazer para poder ser um poeta? Seria um desejo absurdo? Por que não me contento em não ser um artista do ritmo das palavras? Se é que um poeta o deva ser.
Eu mal posso escrever meu próprio idioma. Aquele que me fez cidadão de outrem, preso a outrem, endividado pelo resto dos dias em solo.
Realmente pretendo esculpir um novo eu, distante das influências que já recebi e ainda me perturbam. Poderei? Como é fácil ser palerma no momento da apresentação.
Mas a questão fundamental ainda é a mesma: por que eu não consigo aprender com o fantástico delírio do enlace matrimonial das palavras, soltas, às vezes em forma ingênua, desenfreadamente humana, sincera nas pontuações e nobre no objetivo? Por que? Qual a razão por eu não ter percebido quanto mal me fez a ausência de um poeta? As verdades contidas em um adormecer abraçado a ele, sem frescuras e receios. Saberia, por fim, como viver sem me desgastar com pretensas insuperáveis emoções. Não quero me apoiar no discurso famoso do romantismo: ah sim! As emoções são os mais nobres objetivos da vida. Então, por que a razão? Não se separa a água do óleo assim, despropositadamente.
Não devo, pois os anos me furtaram da leitura poética, aprofundar esta inquietude. Deixo algo incompleto, pois devo recuperar algo que nunca me ofereceram. Aqui trataremos de minha história. Como receio comentar sobre algo particular em folhas de papel universalmente impessoais. Quem nos legou essa herança? A escrita é para o agir livre, não para completar frestas mal-acabadas.
Saber? Saber sobre uma história pessoal chocha, quase sem brilho, sem vontade de viver, principalmente quando os completos 13 anos se fizeram.
E onde está a atenção no aprender com a poesia? Deve estar no calabouço mental de um quase feliz, com suas quase teses de vida e um rancor no coração. Não! Não existe mais rancor, mas o que é um dizer sem expressões piegas? Veja um conto inglês famoso no ocidente! Tornou-se um ícone do romantismo mundial, como se o oriente todo se vangloriasse de um texto eleito como sublime pelos próprios ocidentais. Cadê a possibilidade de aceitação ou desapreço. Vive-se o cotidiano recebendo dizeres de negação e querem nos fazer ler algo que jamais sentiremos. E por que? Porque é e pronto! Quem irá revidar a lança jogada por um nobre? Somente um nobre, pois tem leitura. Agora eu? Eu? Sequer leram um dizer meu que jamais sairá em um jornal de grande circulação nacional. E agora ainda sabem que não fui apresentado à poesia.
Tudo bem! Escrevo para mim mesmo. Quem quer saber de algumas verdades? Mesmo que sejam as identificadas por mim. Se forem minhas, que fiquem comigo até o dia em que perderei a possibilidade de reconhecer os signos e as representações. Após isso, fica a critério de um outro quase feliz, com suas quase teses de vida e um rancor no coração – mesmo que seja apenas para um cenário primário – publicar dizeres sem aprendizado.
Como conseguir quietar o ser se não foi possível aprender a se-lo? Como? Da mesma forma que se acham pedras, pedregulhos, pedrarias sem selo no “meio do caminho”?
Minha lição existe e deve ser singular, ausente de impulsões e ânimos literários: deve ser a que me permite viver sem amarras no peito.

23 março, 2009

Arte do saber

Veio como se viesse do tudo
Parou-me, completamente.
Imaginei...
Não sei o que.
O por que...


Anos sem surpresa.
Desejei...
o que?

Sim, eu sei.
Pretendi ao menos saber.
Quisera, por vezes, não ser.

Conhecer como conhece a natureza.
Sabe como um saber da arte, um ofício.
O viver.

Um desejo em mim, paira.

Veio,
veio como se quisesse possuir algo que,

em olhos melancólicos, não me contou.
Contou sozinho um conto do saber.
O seu saber que auxiliei ser.
O ofício aprendido.

Veio,
veio como se desejasse um saber maior meu,
os que se parecem com os fios dourados que possui.

Declare! Faça-se saber.

A quanto tempo se preparava para mim?

16 março, 2009

Questões?


Passado, presente. Deram-me a incerteza, duvidei e sustentei por alguns meses a vontade de ser alguém. Alguém interessante para uma vida em grupo. Pronto para viver o novo. Disposto a construir algo inacabado. Retomá-lo!
Deram-me algo que não consigo me livrar: a consciência livre. Clara, agora, nem tanto.
Até ontem certos caminhos trilhados, bons projetos.
Até ontem figuras espalhadas, livros abertos na estante.

Em um artista me tornei, ele declarou. Até me surpreendi. Hoje, não sei ao certo. Deram-me, contudo, a dúvida. A surpresa não fazia há anos parcela pouca de mim.
O caminho original traçado não se força com tanta vontade. Várias intenções. Auxílio verdadeiro, crê?
Eu propus requerer certezas em um momento pouco equilibrado, coerente com o fluxo de vida humana. E, no entanto, incerteza. Pluralizemos: incertezas. Eu até declarei!
Homem da filosofia, da ciência ou do mercadológico? Creio que passo a questionar minha função social ou qualquer outra função que tenha possuído. Creio que já não sou mais o mesmo que o planejado. Que "nós" planejamos. O fabuloso projeto de vida humana, sustentado até agora por um milhão e meio de vontades. Porém, não somente minhas, mas profundamente desejadas por mim.
Ontem estava seguro. Ontem estava menos faminto. Ontem menos cônscio. Ontem estava quase totalmente "nós".
Futuramente, devo voltar para o olhar primitivo. Básico, mal feito, mas já feito. Entreaberto. Pouco fechado.
Futuramente, irão me incomodar com perguntas, das quais saberei a maior parte. Ou desejarei desconhecê-las.
Presente, futuro. Como se reconstrui pudesse acalmar a mente. Uma mente antes atribulada, inquieta; hoje, um turbilhão.
Façamos um fogoso propósito: deixem-me sem o privado. Retornemos ao "nós".

25 janeiro, 2009

Dó em mi

Fui procurar nos estudos sobre o tempo,
o motivo para te querer bem.
O mesmo para me fazer viver.
O mesmo para te satisfazer.

Criei uma razão em dó.
Não criara razão nenhuma, outrora.

Agora, te fizeste presente no inconsciente
Novamente!
Passara desabercebido por uma nota, dó.

Passado e presente
quisera um futuro em dó.
Recebera o meu intuito
num desejo em mi.

Prêmios, chateações...
Chega!
Até quando irás negar o teu desejo por mim?
Até quando irás repreender tua consciência em ré?
O nosso futuro, então, em si.

11 janeiro, 2009

Esperando


Ao contrário da maior parte das pessoas, tenho vivido minha paixão ao lado de amigos e amigas. Também pudera: voltei-me a atenção e o que encontro? Amizades. Amizades em arco-íris, grandemente.
Anteontem, quis poupar-me de agudas esperanças: a maior, foste tua presença. Tu vieste meio a um encontro amigável. O que diriam? Tramas do acaso histórico? Certamente, não. Tiradas do destino? Indubitavelmente, não.

Acompanho as tuas ações sem mesmo desejar acompanhar. Não crias outra razão a não ser me atrapalhar a quieta vontade de ser um liberto? Liberto de teu corpo suado, cheirando acrílica. Liberto de uma mente em que enxergo estruturas arredondadas, cujo plano de fundo é uma bahia brasileira. Livre totalmente, como se possível fosse, de tua pop e aguda voz. Brasileiramente, livre de um homem que me inspiraria o último dos meus sobrenomes e a minha primeira fatia nominal, envolto, sobretudo, em um rebolado travesso.
Voltes para tua liberdade antropofágica. Voltes para o âmago da desesperança sobre o solo amargo da solidão enferrujada. Barulhenta, sim! Para uma fantasia perigosa, incerta. Para noites deslumbrantes e uma companhia infantil. Para as luzes ofuscantes que te engolirão desenfreadamente. Para a saudade do lar. Para, então, bem perto do nosso inferno.
Desistas de tudo, menos de ti. Porque aqui viverei esperando, ou, ao teu lado reconquistando.