04 setembro, 2012

Por fim


Já sabemos que tudo que tenha vida um dia se desfaz. Desfaz-se a forma e a essência. Fica, contudo, a lembrança: de ser presença sincera, de ter conquistado felicidades, de superar em conjunto as limitações e violências. Já se sabe, também, do fim inesperado. Das incapacidades de fazer reviver alguém em nosso cotidiano. Mas o pior é enterrar alguém tão próximo ainda vivo, mesmo sem essência. Sufocar com terra ou até mesmo queimar momentos, imagens, auxílio e cumplicidade. O fim não pode ser em si mesmo, mas no outro. Arde demasiadamente no peito de quem ouviu os rumores maternos e se compadeceu. Se a mão atinge não foi em vão: porque lá havia o último fragmento de amor. “A mão foi minha, o gesto foi teu.” Medéia