27 dezembro, 2010

Aquilo que parece ser só nosso

Você me quer? Como?
Após segundos de espera: Difícil!
Retrucou, imediatamente: Exercite sua fantasia...
Como você quer que eu queira? Sem comprometimento.
Querendo-me como se quer sempre com desejo. Finalizou.

16 dezembro, 2010

Campanha nacional

Campanha nacional pela diminuição do índice de reajuste salarial de autoridades políticas!

21 novembro, 2010

Que vontade do tudo

E aquele sabor ficou marcado, saltado no meu corpo. Prazer! Era esse o propósito: prazer. Prazer em se sentir leve, alto, fácil, dinâmico, natural e, quem impediria, infinitamente vivo.
A opção permitiu uma resposta imediata: socializaram a vontade do tudo. O que? Aquilo que o tempo insiste em destruir e o ser teima em desejar: o brilho, o vigor, a pulsão, o tórrido, o viscoso, o hoje.
Começar é fácil, está por ai. Bem ali, ó! Veja, vagarosamente, pois conseguirá enxergar. Bote reparo mesmo! Não tema elogiar, pouco ainda querer. A fisgada é gostosa. Gostosa realmente. Parece algo como comer pratos fartos e beber inebriadamente, ausente o receio de estar feliz. Estar feliz! Felicidade branda, econômica, veloz e, se outro quem permitir, rasteira.
Por que? Tava esquivada a razão... Ora, se a maternidade proibe o prazer, hoje mais ladra que morde, e o braço forte do pater familias controla é porque a vontade de ser você, no seu agora, satisfaz gulosamente o que não se define, mas pressente.
Outrora as coisas e situações fossem mornas, incertas e destemperadas, hoje, mais sem graça ainda! Precisam de estimulantes artificiais, especialidade da indústria e da química, para (re) animarem seres anatomicamente potentes e mentalmente esgotados.
"Desça mais uma, garçom!" Esse parece ser o nome da atual geração.

14 agosto, 2010

Até agora

O corpo não responde mais
às necessidades do ser.

O corpo não responde mais

às implicâncias da dor.

O corpo já não pede mais

o desejo do amor.

03 agosto, 2010

O frio deles

Parece que o nosso não está por aqui
ontem fez e hoje ainda faz
aquela sensação de prisão

Onde está o verão?

Um calor que é só nosso
Pelo frio desconsolado
Aprisionado
Enrrugado

Cadê, Preta? Cadê?

Aquela música que não para
Aquele ritmo que balança e não separa

Hoje procurei o calor em nosso conjunto

Contudo, o frio despedaçou.

Sabemos, mesmo assim, que o humano

insanamente consciente
pede pelo quente
Estará bem perto de nós
Está em nós


O frio não é corumbaense

nem brasileiro, ao todo.
É deles
Só deles e não nosso.

20 julho, 2010

Ontem à noite

Sabe o que mais desejamos?
É a paz ouvida em seu coração.
Órgão viril, destrado e amoroso.

Onde eu pude conquistar a vontade de ser livre?
Em mim mesmo,
construído a base cimentada de muito diálogo com o outro.

A felicidade me assusta.
Leva-nos a um bem que não se possui perpetuamente.
Leva-me onde a carga de paixão já se apagou
e o motor para tudo isso deixa de ser a emoção.

Pensar em ser feliz?!
Que humano pode pretender tamanho trabalho divino!?
Basta olhar para o lado... ou atrás...
e notar-me são.

Saudável para nós!
Saudável para aquela
que me pertencerá, definitivamente.

22 junho, 2010

Em arte contemporânea

O que você sempre quis ser
Davi
uma obra de arte eternizada em nossa mente


O que você sempre quis ser
Davi
uma obra escultural presa no imaginário do amado


O que você sempre quis possuir
em retrato emoldurado, estático
presente em nossa vida


O que você sempre quis ter
minha devoção ao olhar sua forma, dita perfeita


O que você sempre quis ser
o não erro das mãos dos deuses


O que sempre foi
a ausência do ser por estar fora de si
porém, perpétuo em mim


O que você sempre será
a destruição dada pela partida
por não estar mais vivo em nossa vida


O que nós sempre seremos
um quadro incompleto do artista morto


Davi, Davi
Eternamente só, perfeitamente mal feito.

30 maio, 2010

Rogo


Para aquele que deseja um reinado

Por um pequeno descaso, ele desejou. Desejo que brotara de uma simples oração: “Por favor, informe-me o nome de um livro deste autor que estamos analisando, quero ler mais sobre ele.”
Oração feliz. Graça. Profissão de saber. Verdadeiro propósito humano. E agora, estou cá! Verdadeiramente encantado e atado, definitivamente, por aquele olhar.
Vou explicar o que ele quis dizer quando afirmou: “Você não precisa viver uma punição.” Significa: vá e seja dele. É nele que há liberdade, após conhecimento pessoal, e se faz germinar e por todo o sempre ser alimentada. É com a liberdade que podemos recriar a humanidade mesmo sem força e apatia. Foi com ela que os instrumentos usados pelos populares resistiram as mais equipadas forças armadas. É por ela que até hoje milhares de pessoas morrem. “Antes de nos tornarmos mártires”, ele reclamou pela última vez, “tome o meu afeto e se torne livre.”

Daquele que um dia desejou ser seu rei.

07 maio, 2010

Releitura

Após uma releitura do passado. As verdades e mais incertezas se fazem notadas. Que se aprenda com as dores! Que se aprenda com a solidão.
André Martins



O Amor: promessa e Dúvida
Marcia Tiburi

Amor é uma palavra que precisamos hoje usar com cuidado. Para os poetas é uma palavra bonita, para os conquistadores sexuais ou religiosos, é estratégica. De outro lado, é sincera tanto quanto é confusa, para muitos amantes que, adolescentes ou maduros, se perdem em suas promessas. Não há amor sem promessa de felicidade, já dizia Sthendal, escritor do século XIX. Amantes são aqueles que vivem em nome do amor, que o praticam à procura de um ideal de felicidade que só o amor parece realizar. Quem acredita nisto pode bem ser chamado de romântico.

Para os descrentes, porém, os que desistiram de amar, amor não passa de uma palavra em desuso. Algo nela pode soar a pieguice ou sentimentalismo. Melhor deixá-la de lado, pensa o decepcionado. Mera máscara sem rosto, rememoração do ressentimento de não se ter mais a realização da promessa na qual acreditara, o amor, para muitos, está fora da ordem. E, por isso, fora de moda e mesmo algo banal.

AMAR O AMOR, DUVIDAR DO AMOR


Além daquele que olha o amor com a dor que lhe restou há alguém que ainda crê no amor, ainda que seja seu crítico. Talvez o amor não tenha sido a parte feliz de sua sina e é melhor analisá-lo racionalmente como qualquer objeto. Nele pesa a voz de ilusão do amor interna a uma promessa ideal. Algo que faz duvidar dele. Ainda que ao duvidar se esteja buscando chegar, de algum modo, perto do amor. Só a dúvida poderia nos levar a ter esperança de, algum dia, chegar à certeza. O que há de mais certo sobre o amor, é, todavia, que ele é plenamente incerto. Mesmo assim pensar nele é um prazer mais que romântico.

Neste caso, como palavra, o amor é menos substantivo e mais verbo. Intransitivo, o que simplesmente é e não se conjuga, como no título do romance escrito em 1923 por Mário de Andrade “Amar, verbo intransitivo”. Ama-se o amor, mais do que alguém que amar. Quer-se amar, amar é preciso, mais do que saber o que é o amor. Definir o amor é o que menos importa. Neste título, porém, há uma definição do amor, a de que ele é um sentimento que se vive, não importa quando, nem onde, nem em relação a quê.
Talvez o amor sobre o qual tanto falamos esteja hoje longe de nós à medida que confundimos a riqueza da expressão amor com a paixão. Falta-nos atenção ao amor quando o confundimos com a simples paixão que é o desejo autoritário e desenfreado por alguma coisa ou pessoa. É como se o amor fosse algo que nos toma e que não podemos compreender, quando muito ter sorte com ele, ou aceitar o sofrimento, a dor com cuja rima já não podemos deixar de vê-lo.

AMOR PLATÔNICO


O amor está presente no nascimento da filosofia. No período clássico da Grécia antiga, o amor é uma das questões mais importantes. Podemos dizer que a filosofia começa com a descoberta do amor. O amor é o que nos faz pensar. Na base do amor está o espanto, o encantamento. Para os filósofos antigos, o amor não é uma palavra complexa, mas três: eros, philia, ágape. Cada uma delas tenta designar um sentimento que é bem maior que a palavra com a qual é expresso. O sentimento nunca é simples, a palavra que o batiza também não.

Eros é o amor como desejo. Na obra de Platão trata-se de um sentimento que compõe a própria filosofia, o modo como se pode pensar. Não apenas desejo do belo, do corpo de outro, anseio de alegrias carnais, mas, sobretudo, é o sentimento que compõe o desejo de saber o que está para além do corpo. Quando se ama alguém, do ponto de vista platônico, se ama o que está além do que se vê. Se ama, inclusive, o que não se vê. Por isso, a curiosa expressão “amor platônico” tem uso corrente em nosso vocabulário. Com ela procuramos expressar o amor que vive de ser teoria sobre si mesmo. Ele se auto-alimenta. É uma espécie de amar como verbo intransitivo. Um amor sem prática, pura admiração, pura contemplação. Contemplação, ver algo, é o termo pelo qual se traduz a palavra “teoria”. Podemos dizer que o amor platônico é um amor teórico, um amor que se compraz em ver, olhar, pensar no que se vê. O que se vê, porém, não corresponde ao olho do corpo, mas ao olho da alma.

ALÉM DO AMOR


“Filia” significa amizade. Filosofia (Philia+Sophia) é uma espécie de amizade pela sabedoria. A amizade é próxima do desejo, pois ambos querem chegar ao mesmo lugar que é o bem. Apenas é um pouco diferente de Eros, pois na Philia a racionalidade exerce sua força. Ela designa um passo além do desejo enquanto este é fortemente platônico e contemplativo. Na amizade constitui-se um laço que vai além do contemplativo ainda que dele precise, que ele permaneça em sua base.

De um amigo queremos ficar perto por admiração e respeito. Ao mesmo tempo a amizade envolve a noção de companheirismo, de estar junto do outro. O amigo é o que se une ao outro em nome de algo comum. Quando a palavra filosofia foi forjada no século V a.C. na escola pitagórica, ela se referia ao grupo de filósofos reunidos na prática de uma vida contemplativa, uma vida em nome da sabedoria. A filosofia era uma prática de vida que se realizava entre amigos.
Ágape era o amor que se tinha por tudo o que existia. Era o amor desinteressado, o amor pela vida. Sobretudo, Ágape define um amor pela natureza, é o amor altruísta. Amor que envolve uma determinada compreensão do mundo como morada do humano dentro do cosmos, como ordem da natureza e da cultura. Os gregos acreditaram no amor como uma potência essencial a tudo o que existia, assim como o cristianismo primordial. Como poderíamos hoje retirar o amor da banalização à qual foi lançado e restituir seu sentido maior, aquele que leva à liberdade humana? A resposta a esta pergunta exige o próprio amor.

Fonte: http://www.marciatiburi.com.br/textos/quadro_oamorpromessaeducida.htm

31 março, 2010

Fora de pauta



André Luiz Martins Pereira (1)
Claudia Regina da Silva (2)

Esta semana uma matéria foi publicada por uma revista de tiragem semanal sob o título "Ideologia na cartilha” (31 de março de 2010), tecendo inconsistente crítica às disciplinas de Filosofia e Sociologia, recentemente implantadas nas escolas brasileiras, taxando de obsoleta e ideologicamente comprometida a inserção de tais matérias pelo Governo Federal. Desnecessário ter estudado Teoria Social, disciplina obrigatória nos cursos de jornalismo, para saber que é mais uma tentativa desse veículo midiático de incrementar sua indiscreta postura elitista e vender notícias.
A matéria expõe a aplicação da Sociologia e da Filosofia no ensino médio brasileiro. Explica, segundo o jornalista, que mesmo existindo as diretrizes do Ministério da Educação, muitos Estados Federativos fizeram seu próprio currículo, incorrendo assim em conteúdos “rasos”. Certamente, isso pode ocorrer, mas não de forma generalizada como quis transparecer a reportagem, desacreditando da funcionalidade dessas disciplinas.
Tomemos como exemplo a violência urbana. O mesmo pânico causado por ela é generalizado no país; entretanto os nortistas não trafegam por entre morros nos quais os chefes do tráfico de drogas entram em conflito armado para permanecerem no poder local, o que não descarta que aqueles não sofram outras ameaças devido a conflitos de outra ordem.
Tal abordagem passa por uma necessária percepção crítica a qual a Sociologia se propõe. O mesmo exemplo, tratado sob o foco das Ciências Sociais, pode ter seu ancoradouro na disciplina de Filosofia, que entenderá neste caso, os valores morais que circundam o fenômeno, estudados sob o prisma da Ética.
O jornalista situa alguns exemplos desmerecedores sobre a inclusão das novas disciplinas, podendo destacar o seguinte: no Acre, segundo ele, “uma das metas do currículo de sociologia é ensinar os estudantes a produzir regimentos internos para sindicatos de trabalhadores”, e opina - “verdadeiro absurdo”. O autor questiona uma prática pedagógica sem contextualizá-la, o que impede maior aprofundamento analítico, contudo faz-nos pensar sobre o papel inverso que se deflagra, sobretudo em escolas particulares: a reprodução de conceitos elitistas e consumistas. Valores, largamente discutidos pela Sociologia e Filosofia.
Se por um lado há uma preocupação com a “cartilha panfletária” como apregoa o texto, há por parte de educadores comprometidos, a reflexão sobre atitudes empregadas pela ideologia liberal, pois que tem formado uma cidadania capenga de jovens politicamente acomodados e apáticos com a realidade social. Pior ainda, é ver a escola reproduzindo tais valores quando um estojo de grife ou um tênis da moda (legais ou pirateados) passam a ser determinantes no espaço escolar.
A matéria ainda continua desfilando sua oposição, diz que a Sociologia como a Filosofia estão recheadas de ideologia de esquerda e “conceitos rasos”, aproximando o Brasil de outros países latino-americanos e distanciando-se dos países avançados. Vale ressaltar que, embora não mencionado pela reportagem, países avançados em Educação formal, segundo o IDH, são a Finlândia, Suécia e França. Nesta última, o contato com os estudos sociológicos ultrapassa as horas propostas pela grade brasileira.
O que se verifica na leitura dessa reportagem-artigo é a existência de um temor explícito pela crítica à sociedade capitalista, empreendida pela ideologia socialista e sua influência tanto na formação dos profissionais da Sociologia e da Filosofia quanto de sua aplicação conceitual nas escolas pública e privada. Verdadeiro equívoco, acreditar que um professor, ao expor a teoria marxista estaria abalando os vértices do capitalismo. Outros sujeitos sociais têm aclamado tal discussão: basta ver o empenho e critica dos ambientalistas por uma sociedade economicamente sustentável e menos desigual.
Adiante!
O que o jornalista pretende é deslocar a atenção de uma nova postura educacional, válida, inclusive em outros países, sendo desenvolvidos ou não, para o retorno em sala de aula a uma metodologia conteudista e acrítica, contrapondo-se claramente ao que normatiza a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação). O receio que toma os editorias desses comerciantes midiáticos é uma previsão clara contida nos PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) para a Sociologia e Filosofia no ensino médio.
A metodologia de ensino tradicional já provou não ser capaz de ajudar a compreender e resolver os fenômenos sociais e morais do país. Procurando descredibilizar a inclusão dessas disciplinas que possam ser ferramentas para tal propósito, é estar na contramão da cidadania e do fortalecimento dos valores humanos, e que as instituições escolares podem tão bem contribuir, assim como a mídia, que parece esquecer-se desse compromisso.
Em tempo: respondendo a ironia do jornalista a respeito da biografia do pensador Rubem Alves (Rubem, quem?), lembramos o que dizem os alunos: “Joga no Google que você acha”. O que infelizmente não foi possível ao procurar o nome do referido jornalista Marcelo Bortoloti. Marcelo, quem?
(1) Sociólogo e Consultor Empresarial
(2) Professora de Literatura e Produção de Texto

30 março, 2010

Personagem - Marcus Moura

a André Luiz

Há um personagem invisível em todas as minhas narrativas. Ele é um tanto cubista, quanto hermético. Ele só se permite descrever pelo que diz. Não ouso narrar seu corpo, sua história, seu psicológico. Ele não me permite. Aparece, diz algo e se vai. Desvanece da mesma maneira que apareceu. Ao terminar um texto, releio e ele está ali, impassível, invazável, instransponível. Junto os ângulos e nada se forma. Hermético e cubista.


Reli todos os meus textos a fim de defini-lo, achá-lo, determiná-lo, mas não consigo, sua indizível presença sempre se faz ausente no fim. Vou entendo-o, e quando penso que tenho alguma conclusão sobre, me sinto no vazio do não ser novamente. Ele vem e mais uma vez pisca, sorri aquele sorriso inconfundível que só ele tem. Mofa da minha falta narrativa. Sorri para minha incapacidade de flagrá-lo no salto que procede em minhas histórias noturnas.


Assim, vou me trucidando aos poucos, com vontade de achá-lo totalmente. Ele seria o ser a quem procuro há tanto tempo? Viajo sempre por lugares nunca antes transpostos e sempre o tive aqui, dentro de minha própria palavra, minha linguagem encenada? Ele não vai aparecer nessa narrativa, não o permito. Já tomou por demasiado meu verbo, meu destempo, meu ressentimento. Tenho raiva dele, quero vê-lo fora de toda expressão poética a que me proponho. Mas não posso. Tenho medo. No final, será que ele vai me oferecer a pérola que tanto busquei nessa viagem que procedo de norte ao sul do meu corpo? Silêncio.


É ele. Mais uma vez apareceu para me descentrar, desconcertar, desconstruir. Sorriu, entortou a cabeça daquele jeito especial e me ofereceu os braços. Me aproximo, creio que não percebe minha irritação. Abracei-o e lhe beijei o pescoço. Tinha vontade de mordê-lo. De ver seu sangue jorrando por todos os lados me banhando, e, finalmente, me mostrando o que havia de mais íntimo do seu ser impegável.


Contive-me, somente beijei seu pescoço, meus lábios se ergueram num sorriso simples. Por que não vem comigo? Não me aceita? Não se revela? Dê me um pouco do que eu preciso. Do que eu desejo. Me retire desse turbilhão enfurecido que toda a minha existência se tornou. Salva-me. Meus olhos demonstram o sentimento que expresso por palavras? Só ele poderia dizer, porém não o diz, nem mais sua voz se faz presente. Já se foi como sempre vai. Para aquele reino onde reina intocável.


Não tenho mais forças para prosseguir. As palavras me faltam, por sua falta. A raiva passou, agora, fico a espera de seu próximo retorno, de seu próximo sorriso. Só que ao invés de um abraço, forçarei um beijo na boca. Não posso ter seu sangue em meu corpo, terei pelo menos um líquido íntimo em mim. A saliva há de me revelar o que desejo? Será dividido comigo metade daquele segredo?


Fico a espera, por favor, retorne!


Postado originalmente em http://marcusmoura.blogspot.com/search/label/homenagem, em 19 de janeiro de 2010.

24 janeiro, 2010

Teu coração

Parecia uma conquista de gente adulta
quase me confundi.
Meus anseios desapareceram
pois sim, devido a ti.
Pareceu-nos uma intimidade
que foi somente nossa.

Soube da verdade
aquela que faltava
sobrava
implicava.

Daquela maneira assim tivera
para nós.

Somente nós pusemos às claras
novidades sem amarras
sorrisos desviados
substancialmente apimentados.

Não! Devoro esta negativa
Não e mais um não!

Meu desejo despertou
desassossegou-se em minha cama
o que tu fizeras antes.

Questionei, dentro de mim, tua emoção.
E a resposta dada
conforme o aperto de mão
o abraço controlado
Afirmou.

Durma mais perto de mim
já em sonhos te tenho.
Sem Picasso,
Niemeyer
sem fim
recomeço
sem dado à identidade
de um bororo, afim.

Deite, deite sim mais perto de mim.
Mais perto daquele coração
que por noites

enfim

amado
o revelou.

Soa, soa desejo
Estilhace o tímpano de um novo humano
Amordace a saudade
Reforce a formalidade
Daquele que me conquistou assim.

Em luto
em fuga.
Basta de ler
onde só poderei rever
os contos vazios do humano.
Conforme unicamente
o gosto do corpo.
Seguindo o ritmo dos passos
e já ausente em letras.

Deu-me como matéria
deu, mesmo sem pensar
pelo descuido voluntário do passar
o coração.

Já não pertenço aos teus sonhos?
Também a vontade que me dera
alcançou o Olimpo.

Chega mundo. Chega!
ignore meus bons costumes.
Chega!
Odiamos o plural.

Perceba sim
pelo gesto de doação
dado por ele.

Para mim
perpetuamente
possuirei.

Revivamos!
Quis me debruçar
refestelei-me
ponto.
Contudo, ó mãe!
A oferta se cumpriu
pelo preço justo.
Conquistarei definitivamente
aquele coração?

Para meu sempre
abrigado.

03 janeiro, 2010

Diálogo

Eu sinto a desgraça de não possuir
Bem como antes eu havia imaginado

Eu sei do mal que você me faz sentir
Unicamente por não estar ao meu lado

Sabemos nós que não é mais o mesmo
Graças a mim
Graças ao que pude ser pelo menos por uma tarde
Durante um intervalo

Vi ontem o quanto você me fez vontade
vontade de me doar
intensamente
unicamente
propriamente
uniformemente
antes por mim
hoje, necessário, por você

venha
consuma nosso sentimento
sossegando-se em meu peito
peito feito de algum metal
morto
frio
sem intensidade

só nos resta esperar você
rente ao meu rosto
enluarado
dourado
discreto, todavia
sem medos
sem amarras habituais
sem tudo

agora eu preciso
mais e mais
mesmo vivificado pela solidão
de não ter beijado alguém

meu amigo
de coração exclamou:
você, autor, precisa cuidar de alguém
e ser cuidado!
seja minha única vontade
esteja em minha intimidade

01 janeiro, 2010

Nova esperança




Eu o encontro todos os dias
Os dias que me faltam
São eles
Carrascos.
Eu o encontro em todos os sonhos
Subo a imaginação
Suspirando intuições
Desviei os olhares
Naquele passado que foi só nosso.
Hoje, ao amanhecer
Ela virá:
a minha esperança
por conquistas
Sabendo nós, apenas nós, os motivos.
Amanhã, pela manhã
Ela não virá mais
Seremos mais uma vez os mesmos
Com devoção
Sem gozo
Apenas intenções.
Veja o desterro em que me lançou
Note pelo menos por um segundo
O meu olhar
Devote por pouco que seja uma gota de desejo.
Para o tudo eu quero caminhar
Já iniciei os passos
Parece-me que não verei sozinho
As tardes desse ano novo.