21 janeiro, 2006

O bom lembrar das frestas azuis - Rebeca Rasel

O bom lembrar das frestas azuis
Rebeca Rasel


Um fluir atravessado;
Clareira azul
Que transborda os limites
Da sala opaca.

Irradiada; luz
Que protagoniza passos
Teus, distantes,
Em fuga quase.

Finito alento;
Encontros em ares
Feitos de pausa:
Vapor de despedida.

De largura imprecisa,
Suplementes de cor e
Sombra: farsa
De teu corpo; adeus.

Tardes assim não foram feitas para existir.

Dentro de mim existe um quase-mundo tolo
Desses em que o te pertencer apenas persiste:
Como uma placa qualquer de direção
Indicando uma rua ou uma esquina já conhecida.

Meus braços fracos, em um gesto curvo e bravo,
Tentam levar para longe o crepúsculo trêmulo de teus olhos
Ali, no espelho, a perceber o tanto de você que ainda há em mim.

Percebo que a ausência só existe como palavra
Porque o vazio teu é concreto e perceptível.

Volto então a me abrigar na sombra de tua pálpebra;
Tardes assim não foram feitas mesmo para te esquecer.

06 janeiro, 2006

Teu e meu

[Primeiro canto]

Nossos olhares se cruzaram
À noite
Escuro-clara
Sem devaneios
Chavão?
Vitória da Liberdade
Fraqueza da Solidão
Inveja da Preguiça
Daria-nos Satisfação?
Uma música
Um soneto
Um refrão

Dances
Dances
Dances comigo, dances!
Dances Paixão
Envolva-nos
Partes de corpos, alheios corpos
É o teu? É o meu?
Fomo-nos corpos, fomo-nos ritmo e toque
Toques
Toques
Meus lábios entre teus cabelos
Teus lábios entre meus desejos
Quisera sentir mais de teu toque
Ouvir mais de tua oração
Apenas uma?
Não pude
Estava inebriado
Junto ao teu peito
Teu e meu
Simplesmente