24 março, 2015

Você esteve ai o tempo todo

Nós sabemos o que deveríamos ter feito. Já não temos mais idade nem tempo para joguetes e imaturas decisões. Somos donos de nós mesmos. Foi por essa razão que não nos comprometemos? Talvez. Diga sempre que não me quis, pois saiba que intimidade é cara em dias atuais e eu continuarei a rir dessa desfeita falsa. Estava em nossos rostos o desejo.
Deixe de me elogiar, nunca foi um exercício muito gratuito a você mesmo. E nunca será. Eu compreendo. Permita que eu o alcance, todavia. Facilite a oportunidade e esqueçamos das incapacidades individuais passadas. Éramos tão senhores quando um no colo do outro confessávamos impressões subalternas. Você tentou. Eu aceitei.
Permaneça, mesmo distante, nessa postura sem filosofia e eu em minhas dúvidas perpétuas. Recrie a iniciativa, pois nosso desejo é comum e incomensurável. Eterno. Eu ainda me recordo a cada dia de seu olhar em espanto. Depois de uma boa refeição olhe para frente de seu pleito e reivindique atenção outrora unicamente por mim oferecida. Sorriso frouxo e inquietudes satisfeitas eram constantes, você sabe muito bem disso. Para de se declarar, mesmo em olhares eu percebo que já não é mais dono de si mesmo como antes. Largue o figurino de amador e torne-se protagonista dessa história. Impeça a inconstância de um devir que sabe melhor do que ninguém que sou eu quem lhe completa, sustenta e preenche. Incite mais palavras e menos silêncio, a não ser que este seja para nos reconectarmos.

Fuja o quanto pretender. Negue o máximo que resultar de seu desconforto ao me ver. Só não se esqueça de mim completamente, pois não conseguirá. Por mais árduo esforço que exercite. Por maior que seja a angústia. Pela certeza de um finito sem alguém ao seu lado. Sou eu, somente eu a parcela mais dócil que lhe conquistou. Descobri em meio a sua casa o quanto você me queria bem e por perto. Negue o seu afeto por mim, várias vezes comedido, mas sufocante ai dentro do peito. Reclame que também já não se lembra mais de meus lábios. Esnobe minhas lágrimas como o sempre fez. E sobretudo o que vivemos, recordará que foi por mim que seus motivos pelo encanto em formato de sorriso se refizeram em verdades memoráveis. Durma bem. Durmamos para o nosso contínuo sublime.

Nenhum comentário: