Por caminhos a peregrinação percorre.
Sem perceberem, as beatas e as crianças espalhadas entre o andor estão ocupando seus espíritos.
Causos juvenis são ditos entre as moças mais crescidas. Espalhando a descoberta de si mesmas pelo olhar entre as rendas, cerceada tantas vezes pelas vozes idosas.
O gesto discreto da carola, cujo rosário ocupa um lugar privilegiado no campo de visão do pároco.
Ele, contudo, suado, espera a próxima parada para um brevíssimo descanso. O repouso, por fim, apenas na hora da morte. Um sufoco, quase. Alívios momentâneos.
Os coroinhas estão postos ao lado do andor. Talvez eles sejam os mais próximos da benção.
Os auxiliares adjacentes parecem reproduzir a ordem do dia como se estivessem cumprindo a penitência outrora passada. As orações são árduas para aqueles que as Letras não se fizeram íntimas.
A jornada parece findar perto da lateral da capela.
Chão batido, parede rebocada e telhado disforme.
O vento abana as saias rodadas das senhoras de bem.
O chapéu do senhor procura alcançar outra razão.
Quase em seu proposto lugar o andor é bamboleado.
Um dos moleques que o segurava tropeçou.
E com um enorme susto, suspiros e tristeza são postos livremente.
Esperam o resultado fatal do desatento gesto.
Ouve-se ruído de pesar. Preces balbuciadas feitas à luz do nervosismo. Pretensões de ajuda. Mas não adianta nada, o feito já foi feito.
O santo, mesmo de barro, cai no chão seco.
Desfazem-se das comedidas posturas e furtam do profano os mais comuns dizeres de ofensa.
O santo caiu, entretanto não quebrou.
O mais próximo cata a estatueta e põe novamente no sacro sustento. E, longe do perigo, a última prece ao santo é proferida.
Na seguinte missa, o pároco envaidecido terá muitas confissões a receber. Palavras dadas ao vento são despropósitos, mesmo que por espanto, ainda mais se forem emprestadas ao infortúnio.
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