Pequenos contos para pequenas
emoções e histórias.
Havia dois meninos que se sentaram juntos e
juntos comentaram situações de uma vida completamente eterna. Desconhecidos,
após os esforços em um parque de diversão que de início não lhes rendeu sorrisos,
inventaram-se. Juntos, ali entre os fios de um meio caminho, naquele instante
de intervalos, estavam dispostos, lúgubres e intensos como toda criança
deveria ser a procura de um conforto. Falaram de coisas do cotidiano. Simpáticos,
pareciam vizinhos de longa data. Eram gostos e linguagem próximos. Completavam
frases com provocações e riam após entendimento. Paravam entre olhares e mais
ironias, típicas da jovialidade. Trocaram envolvimentos ingênuos, sempre puros,
contudo. Riam, riam e cada vez que um ria do outro o próximo se esplendorava.
Era comunhão e ninguém ali poderia impedi-los. Ao menos para um deles... Desafiavam
o cansaço. Foram minutos após minutos de exercícios. Tocavam-se. Apertavam as
mãos. Estavam a sós. Mas, como nada que seja puro permanece intacto nesse universo:
desconheceram-se, repentinamente. Pelo que? Um afirmou, despretensiosamente, logo
após se redescobrir quase como um movimento dialético, ser pela devoção à
injustiça originada pelo companheiro: já haviam desgastado todo o tempo da pureza e
descoberta. Acabou o mistério! Uma lástima... O outro, pela competição, sem
mesmo investigar, exclamou não confiar mais naquelas declarações. Eram para ele
enganosas. Supostamente. Lá estavam novamente sós. Estranharam-se. Conforme as mães
reivindicavam suas presenças, os dois se distanciavam mais e mais, de modo que
se tornaram desconexos. O que era brio compartilhado transformou-se em birra. A
mais desvelada sensação de conforto tornou-se antipatia e etiqueta. E, por fim,
o que restou entre eles era unicamente a devoção vivenciada em amor espontâneo
e futuramente omissa. Inexistia a possibilidade de negarem a si mesmos. Já havia
conexões. O parque fechou, as mães os tomaram pelos antebraços e cada um voltou
a sua roda da fortuna.
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