23 agosto, 2005

Palavras, palavras e palavras

Em um envelope escrevi um bilhete e entreguei-lhe, juntamente com uma folha contendo palavras de G. G. Marques.
No bilhete?
"Palavras palavras palavras palavras palavras palavras palavras palavras palavras palavras palavras"
Mais Mário Faustino
Romance

Para as Festas da Agonia
Vi-te chegar, como havia
Sonhado já que chegasses:
Vinha teu vulto tão belo
Em teu cavalo amarelo,
Anjo meu, que, se me amasses,
Eu teu cavalo, que amarraras
Ao tronco de minha glória
E pastava-me a memória.
Feno de ouro, gramas raras.
Era tão cálido o peito
Angélico, onde meu leito
Me deixaste então fazer,
Que pude esquecer a cor
Dos olhos da Vida trazer.
Tão celeste foi a Festa,
Tão fino o Anjo, e a Besta
Onde montei tão serena,
Que posso, Damas, dizer-vos
E a vós, Senhores, tão servos
De outra Festa mais terrena –

Não morri de mala sorte,
Morri de amor pela Morte.

21 agosto, 2005

Favores ou desejos

Quando me passaram a vez eu imaginei estar conquistando uma nova amizade. Um novo sorriso, sabe? Nos conhecemos há pouco e nada me fazia acreditar que todo discurso proferido era nobre. Não precisava ser nobre, mas autêntico. Até me convenceu. Mostrou-me os detalhes de uma vida sozinho. O conforto que se pode obter quando você trabalha para si mesmo. Sem pares familiares ao lado. Uma vida, vivida, sozinho.
Ninguém nota, mas a todo momento eu avalio as pessoas, as causas e circunstâncias. Imagino não cometer injustiças, porque não digo o que pensei e penso, facilmente. E não digo para poupar-me confrontos, mas por cautela.
Sinceramente, invejo os canalhas. Eles são mais espontâneos, mentem, subornam, esquecem, flutuam, imaginam, conseguem, pecam, enganam, matam, riem, comem, mordem, choram e, mesmo assim, vivem... ou se isso já não é viver.
Preciso imaginar que por muito tempo eu não vá dormir sozinho, almoçar sozinho, desejar sozinho, cantar sozinho, amar sozinho e viver sozinho...
Estou confuso e, antes de cometer injustiça, aquele sorriso não quero mais.

12 agosto, 2005

Espera

Preocupo-me com minha boca. O que ela pronuncia... o que ela silencia... com a outra boca que deseja. Mas acima da minha preocupação, insignificante, existe alguém muito especial que preocupa-se com seu coração... com seu batimento... com seu ritmo. A segunda-feira não quero lembrar... porque, arduamente, a vivêncio agora.
Não rezarei aos Deus Trinos. Não porque corre o meu sangue saudável... porque a natureza cultural dela será mais forte que desejos ineficazes.
Possuo créditos... poderei cobrá-los!
Emocionado, encerro decretando: as lágrimas mostram o quanto humano pode ser um deus.

09 agosto, 2005

Laços

Estou tomado pelo êxtase arfante da náusea. Tudo me parece grande e perigoso.

Clarice Lispector

08 agosto, 2005

A cor branca da liberdade


Perguntou-me: "Qual sua cor preferida?"
Eu respondi? "Branca."

Sabe o que significa a cor branca? Eu penso na liberdade. No frio gostoso da neve, aquele tapede limpíssimo que a natureza cria a cada inverno...

Liberdade... sou egoísta demais para perdê-la.
Branca... perpétua para poder vestir-me dela.

Aguardo seu retorno.

04 agosto, 2005

Política brasileira

Os presentes conflitos políticos (representativos) que ocorrem na macro-esfera do Poder refletem significativo esforço dos que possuem o poder representativo, e também dos que conseguiram através da ludibriação, em "repartir o bolo" da riqueza nacional. Ou melhor, e ainda, refletem as poucas intenções para com os que necessitam ser atendidos pelas políticas públicas (como se toda a sociedade não merecesse, entretanto, existem grupos menos insatisfeitos, se tivermos como parâmetro único o aspecto econômico).

Logo, não classifico esta luta de poderes como simples esforço em "cortar o mal pela raiz", ou, "vamos limpar o cenário político" etc. Eu a chamo de luta de partidos políticos embaçados. E ainda possui um agravante (que já era esperado): são dissimulados, porque não assumem a incompetência em legislar (em promover leis).
Se os provedores das leis são incompetentes, o que resta àquele(s) grupo(s) que necessita(m) ser atendido(s) pela política pública? E ainda mais, o que a sociedade civil pode esperar de produtivo para o embasamento de suas ações? Um país mal conceituado? Um Poder Legislativo, definitivamente, incompetente?

Querer defende-lo é injustiça. Injustiça para com os eleitores e eleitoras, fiéis depositários de confiança nesses "políticos das leis". Coloquemos "os pratos sujos" na pia! Quem legislava para o rico latifundiário, para o capitalista, para o rico agricultor, para o rico comerciante, fez uma boa campanha nesses últimos 50 anos. Não só permitiu grandes problemas sociais (dívida externa, dívida interna, roubo e desvios de milhões, bilhões, ou até quantias em trilhões da moeda corrente) como assegurou vagas e cadeiras permanentes no Congresso. E fez muito bem! Eu os parabenizo! Parabenizo porque enganar por muito tempo e brincar de legislador certamente não é para gente de boa fé, até mesmo para um "Zé ninguém", pouco ainda para aqueles que pensam representar a grande massa populacional e, em seu exercício legislativo, sentir-se útil e incorruptível! Jamais indicaria generalizações, mas, que legislador pode ser ingênuo e idealista? (Não digo os que promovem o discurso do progresso e do desenvolvimento. Esses existem aos montes.)

Querem saber! Penso que a Legislatura não é para os corruptos, assim como acredito que a legislar não é para o enganador.

Mais perguntas: o que formamos durante os últimos 50 anos? Falazes? Grandes nomes para a apresentação da representatividade política?

Políticos todos os seres humanos são! A Dona Fulana fala para o Seu Sem-Nome que "todo político é corrupto". Não Dona Fulana! A senhora também é política! O que acontece é que a senhora não pode legislar para si e para a sociedade. A senhora precisa dos superpoderosos "representantes políticos"... mas deveria fiscalizar as ações dos seus representantes... a senhora ainda é agente política.

É claro que a democracia deve abarcar, inclusive, os não democratas. Agora, os dissimulados, aqueles que se utilizam das fragilidades das pessoas, das esperanças (que considero fundamental para os que crêem na "vitória do bem") dos que procuram sobreviver sobre tiros, com poucas roupas no corpo, com comida escassa em casa, os sem tudo, não merecem ouvidos ou coros de proteção. O que merecem? Pergunte a Dona Fulana e ao Seu Sem-Nome, que moram no Brasil.