Há anos reparo nas pessoas que me
beijam. Foram beijos desimportantes na sua maioria. Na verdade, eu nunca estive
muito preparado para beijar alguém em diferentes circunstâncias. De fato, eu
sempre mantive uma esperança em ser envolvido por um toque singular, original e
indefeso. Isso não aconteceu até lhe encontrar.
Como sempre os meus começos acontecem
erroneamente. Você nem havia me reparado antes. Eu era apenas um conhecido. Nada
muito diverso do que são acometidos outros casais. Casais? Que pretensão a
minha, não?
Mas todos, todos exceto você,
vieram acompanhados. Havia neles espírito, enganos, vontades, intenções,
desejos sexuais, volúpia, falsos discursos, encantamentos etc. Exceto você! Você
nem queria ter vindo. Você não é de ir, mas sim de ser conduzido. Ocorreu algo
entre nós que já se esvaiu, mas não totalmente, ao menos é o que está acontecendo.
Creiamos que tudo esteja bem, em
vista da sua imprudência do passado. Porém, ainda está ali, sozinho, vazio, como
se estivesse intacto pelas suas más escolhas. Pulsa em você vontades. Quais
exatamente?
É isso! O que exatamente lhe
motiva em chamar o meu nome? Nada generalizado, pois poderia ser quaisquer
outros nomes. Algo que esteja relacionado a mim, intensamente? Creio que não. Enfim,
poderíamos ter continuado a ser íntimos? Provavelmente não, também. Talvez
encantados? Não, jamais. E agora? O que temos?
Você não me tem. Possivelmente não me terá outra
vez. Eu tive a sua ausência desde o primeiro, e interessado, beijo.
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