08 janeiro, 2019

Lábios

Há uma mistura em você: dentro de você há um você que você não vê. Alguns poderão até vê-lo, mas sempre enxergarão o sorriso que você demonstrar e o som que entoar. Percebem mais facilmente a face séria, mesmo musicada, também.
Na verdade você sorri para você mesmo, infortunadamente por pouca idade, você não percebe você mesmo: não, necessariamente, você, mas a mistura que é você.
Na verdade, verdade mesmo, há um você sóbrio, que não quer se enganar a você mesmo e a ele. Você até percebe que você está em você, vinculado, moldado, envolvido, relatado, musicado. É uma mistura quase conexa perfeitamente. Quase porque é você que ouve sempre, mas não você, é aquele você. Você ouve outros vocês em vozes alheias. Um você que se vive com o outro você pela música. Há até lábios livres em você.
Na verdade, sem falsas ideias e desonrosos sentimentos, você ao se voltar para você acaba sendo o você que sorri, por um lado, mas fica sisudo no outro lado: é a mistura, sabe?
Você não se perde, mas também não se alcança, justamente, porque o você ao tratar sobre você que está rindo, é o você mais vívido enquanto você fica sério. É pura mistura, ocupando o mesmo lugar no espaço.
Você não precisa entender você, ainda. Você nem deve ouvir você, enfim. Você, talvez, nem pretenda. Bastam vocês.

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