01 outubro, 2014

Queiramo-nos

Entre abocamentos ficamos nós uns nos outros. Inexiste a possibilidade desse fenômeno não acontecer, independentemente das primárias intenções. O interlocutor repassa a intenção ao receptor e ali se firmam sóbrios, quietos e cúmplices. Faltam detalhes, contudo, nos futuros comprometimentos e as pequenas parcelas de cada um se expandem involuntariamente. Deixam-nos inseparáveis de modo que há vontades comuns e sinceras.
Quando cerramos nossos olhos retorna-nos a imagem, do nosso pretendente à boa companhia, exclamando afetos brandos, consistentes. Pedem-nos, assim. Quando cerramos os olhos em dias de luto apontam-nos o reflexo de nossa alegria desvelada em face alheia. Por segundos reconhecemo-nos em uma atmosfera sem paralelos: é como se fôssemos, nós e as boas companhias, um só ser em conexão. Há paz. Hoje, em dias de desvínculos, há prodígios quando nos tornamos nós. Precioso é o franzino feixe que mantém os espíritos unidos por minutos desavergonhados.

Ao cerrarmos nossos olhos e relembrarmos das boas companhias e elas em retrato estiverem ofertando um canto de boca imensamente distante do outro canto de boca são elas mais que boas companhias, são nossas.

Um comentário:

Saulo disse...

Para mim que sempre acreditei, assim como Exupéry, de que o essencial é invisível aos olhos, o teu texto transcendeu uma verdade realmente "palpável" e concreta! Saudades imensas...