16 abril, 2012

Partida

Vou me desfazer de mim pelo todo que pensei ser.
Esquecerei, contudo, a indisposição

A ausência é natural
como tentar lembrar de uma memória valorosa.
Como estender os braços às paixões flutuantes.

Não volterei a ser como estou.
É sabido.
Sentirei novos impulsos.
Conquistarei partes intocadas.
Iniciarei apenas se me confortar com sua permissão.
"Está tudo bem!"

Terei outra face, outro espírito.
Mesmo sendo tentativa
irei.
Quero um preto e branco
para que em chumbo e cobre
realize a mim.
E comigo só.
 Kain Hallis - Iluminação Solitária

2 comentários:

Anônimo disse...

Belo poema! Fico pensando será que devemos definir o movimento e a mudança como ausência pura e simplesmente? Mudar não é passar a ser outro? Não seria a própria mudança fruto da presença? De repente, a mudança se dê no limite: no ponto em que se encontram ser e não-ser. Não-ser, neste sentido, nunca é "nada", mas outro ser diferente daquele que se está passando a ser.

Anônimo disse...

A própria mudança é uma autofagia. A mudança surge de nós e nos afeta da mesma forma. Logo, a mudança se torna um beco sem saída a partir do momento em que voltamos a nossa mesma face a cada tentativa. ''Grite! Eu ordeno que grite!''