A cada dia pareço estar mais
disposto aos sentimentos nietzschianos. Cada minuto se apresenta necessário
porque a cada minuto eu preciso mais e mais dos humanos. Um dos meus dias menos
favoritos é o domingo. Domingo, para quem não está em ofício, é dia de
preguiça. Ouvir música, sair com os familiares, tomar tereré em frente à casa
com as amizades, paquerar pelas redes sociais e vivenciar a procrastinação.
Certo domingo, após realizar um
dos meus sonhos: homenagear uma mulher muito amada, estive prostrado diante de
outro bom desafio: desafiar meu tempo livre e ressignificar o domingo.
Ao som de pássaros eu me entendi
novamente frágil. E o que me faltava? Era o toque. Toque, toque mesmo. Toque para meu entendimento é
o ato mais necessário que o humano pode promover. Muito antes da respiração. Nós
antes de nascermos estamos imersos dentro de nossas progenitoras
e nem respiramos ainda. Toque é o verdadeiro motivo para nossa sobrevivência. O
toque de quem e para quem se demonstra o amor é essencial. Eu só preciso de um abraço bem
apertado e um dedilhar de dedos no cabelo. Parece improvável para os próximos
anos, contudo.
Cedi à tristeza, mais uma vez.
Ela se certificou que dessa vez iria permanecer mais que horas em minha
companhia. Pesquisou sobre mim mais detalhadamente. A danada se mostrou mais
astuciosa. Determinada, causou-me o primeiro desânimo: o sorriso não apareceu
mais como antes. Após alguns minutos de descanso, ela insistiu em me derrotar
de vez.
Consegui abrir os olhos com
extrema dificuldade. As memórias da homenagem recomeçaram e eu pretendia o mais
rápido possível repeti-las para meu deleite. Bobagem! Sentei-me, mesmo sozinho,
em frente a mim. Percebi que faltava algo e pedaço considerável de meu coração
alertava para o que realmente era. Quanto vazio a ausência provoca! É natural
não sentirmos por não termos vivenciado, mas por que tamanho projeto divino mal
feito?
Faltava, mas apenas faltava
espaço. Redescobri que eu amo os domingos porque a existência se realiza
durante toda a sua duração. Redescobri que no sábado (dia que eu sempre amei) anterior eu havia me
deixado inundar com as emoções de ter realizado em conjunto um obra de arte: um
peça teatral.
Para quem não se familiarizou
ainda com o teatro perde-se em humanidade. É apenas um conselho, bem doado.
Por mais que eu tenha perdido
parte do meu coração no passado eu soube, mesmo desenxabido, de que um belo sonho realizado é
um ato que se vive apenas uma vez. Sonhemos!
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