22 agosto, 2016

Permita-me (entre dois conhecidos)

Permita-me?
Não.
(Instante de perplexidade).
Pareço um estranho? Não entendi.
Certamente, não o é.
Que é isso? Por que me...
Isso o que?
Não estou acreditando, sério?
Todas as pessoas são livres.
Não é possível...
Assim, já o foi. Qual o problema?
Sua recepção. Não teria uma melhor?
Sarcasmo não combina com você, ao menos antes não era o preço que você gostaria de arriscar a pagar.
Agora vai reconhecer que me conhece...?
Claro que não. Apenas dou a você a chance de ficar mais embaraçado.
Posso? Eu em pé não permitiria melhor tortura.
Proponho outra sensação que não a tortura.
E o que deve ser?
Já não percebeu? Corra, será melhor para nós dois.
Interrompe o meu dia e eu estou maluco? Só vi que estava aqui e vim cumprim...
Já se lamentou? Agora poderá ir.
Para o inferno!
Sempre cumprindo o horário e a etiqueta, mas nunca a ironia.
Eu sempre soube que perfil de pessoa você é. Mal amado. Um verdadeiro desgraçado.
Obrigado. Porém convivo com pessoas que esperam sobre os resultados de minhas escolhas. Outra observação sobre mim? Se quiser continuar.
Diabo!
Essa não se encaixaria perfeitamente a mim. Teria que ter sido criado por uma divindade e ter contrariado o ego infantil dela. O que não é meu caso.
Repugnante...
Também não posso ser. Sempre elogiou minha beleza física e os cuidados que tenho com a saúde oral. Até agradecia o hálito fresco.
Mas fumava.
O que milagrosamente nunca percebeu.
Eu só posso odiar você, agora e pra sempre.
Cuidado! Quando estiver à beira da morte, se esta for natural, não esqueça se perdoar. O inferno não deve ser agradável.
Você nunca acreditou no inferno...
Muito menos no céu...
Então...
(Deixando os olhos do livro e fechando-o calmamente. Levantando os olhos em direção da outra face).

Eu não e eu nunca, você sim e você sempre. Adeus.

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