Justiça
não é bem escolha. É a seiva de toda humanidade, por certo. Ela é atemporal. Dois
detalhes existiram: o primeiro e menos ingênuo é que eu sempre soube de seu
interesse – eu ainda, como antes, continuo chamando a atenção de pessoas inexperientes
no amor; o segundo foi a descoberta da sua destacável qualidade: insensatez! Da
sua insensatez! O que me leva a não denominar sua presença nesse escrito na
segunda e íntima pessoa. A pior sensação é saber que eu nunca lhe amei como
julgou me tratar em suas tentativas de me manter aprisionado naquela suposta relação:
“te amo”, como dizia desavergonhadamente, já não é uma conjugação valorizada
hoje em dia, principalmente para quem já escutou essa expressão verbal centenas
de vezes, justamente por pessoas parecidas com você: fracas. Fraqueza que é
menos contagiosa com o passar dos momentos afetivos, descobertas de que em
nossa vida social o mais importante é se tornar vil! Tão vil que adestramos as
palavras para nos mantermos menos afetados pela poção: veneno produzido pela
menor capacidade que já encontrei nestes últimos anos. Em qual estado da natureza
julgou possuir autoridade para ousar me inebriar com palavras tão esparsas,
profundamente ocas e insensivelmente aprisionantes? Torpe! Ínfimo cadáver sem
ética! Monstruosidade fugidia e que em momentos descontraídos esquecia-se do
disfarce. Nunca poderá me assombrar, nem mesmo agora em que após o término de
uma relação enfraquecida foi, propriamente, mais honesta a aquele que o
permitiu recolher, por simples instantes, sinceridade. Bondade, ora! Serei
misericordioso, contudo. Afinal estamos em patamares diferentes. O tempo o
sentenciará! Com meu auxílio determinarei: a jamais adentrar novamente na
carruagem em que por dias o vento pretendeu abençoar sua face. Não só pretendeu
furtar-me, mas sim ao tempo e a ele não se ofertam devaneios gratuitos. Ele é
rancoroso. Você se tornou tão vulnerável que os ramos dourados dos antigos mitos
jamais encobrirão seu corpo. Quer mais indesejável veredicto? Para toda a sua
história de vida estará envenenado! Contudo, há uma alternativa, agora. Não sou
eu quem a ofereço certamente. Somos seres no mesmo embalo de vida humana. Criou
para você um labirinto! Se reparar as virtudes, poderá reconhecer antes do término
de sua respiração a contemplação e a magnitude de uma vida sadia, apesar dos
enganos comuns cometidos. Todavia, se por fim, em leito de morte, houver
esquecido as virtudes, findará envenenado pela própria soberba e a ela Prudêncio,
poeta romano, recomendou a modéstia, vigiando-a durante toda a jornada. Somos
nossos próprios algozes. Cabe a você o despertar, ausente meu auxílio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário