12 março, 2012

Uma conversa entre amigos

Eita que o coração bateu mesmo! Bateu bem gostoso com gostinho de açaí. Foi um chamado e consegui novamente falar com a Esperança. Veio a mim toda vaidosa. Em sua face uma certa vontade de me testar. Comentávamos sobre uma vida qualquer: a minha, claro. Nem um pouco ressabiada, dava-me motivos para acreditar em nós: eu e você. A aproximação foi inevitável. Somos jovens! Demorou muito e aquela outra vontade não veio. Ele não veio! Parecia-me, contudo, nova oportunidade. Arrisquei-me, juntamente com os bons comentários da Esperança. Certo momento, ele nem ousou enviar mensagens e responder as chamadas. Soubemos que esteve ocupado o final de semana todo. Tentamos, nós dois: a Esperança e eu, compreender. Dois solidários são. Ela, mesmo charmosa, entregue à poesia para me encantar, conquistou grande porção do meu peito. Declarei-me entregue. Prometeu a mim sorrisos gratuitos, apertões na cintura, colo morno, gentileza, gestos espevitados no cabelo e, acredite, beijos quentes, fogosos e brincalhões.
Ela começou a engasgar durante o discurso logo com a escuridão noturna. Imaginei que fosse por causa do clima seco. Após meu comentário de preocupação, lá estava revigorada para mais um argumento sólido a favor de si mesma. Vai querer ouvir sempre as palavras com o peito vazio, receptor de bons elogios. Quando desanimado, ele será sua melhor companhia nestes tempos tão difíceis para relacionamento. Que nada! O que contará serão os futuros momentos juntinhos. Nada de ansiedade: já é seu! Eu só pude acreditar.
Novamente engasgou e dessa vez o seu semblante transformou! Faz horas e ele não chega! Não posso esperar por mais tempo! Sempre se atrasa fazendo-me perder outras companhias. Olhe para você, está tenebroso. Olhos pálidos, sem vontade. Para mim já não serviria nem como amante. Era tempo de você conquistar suas emoções sozinho! Porque você, desde os seus 13 anos, não sustentava mais minha imagem, nem para os mais próximos amigos que possuía. Ora essa! Deve ser por isso não poder progredir nas questões que pouco me interessam. Há inúmeras dificuldades e o queridinho do mundo todo não aparece! Onde pensa estar? Por certo muito distante de nós! Valha-me a mim mesma: quem é o humano nesta conversa. Deixou-me.
Só, fiquei a ver folhas dançando em minha frente sem o pouco do perfume que havia poucos instantes em sua presença. Soube, como uma lição a ser aprendida, duas verdades reservadas a mim: 1. Sou humano, não posso ocupar tanto tempo com emoções tão nobres como a Esperança. Ela mesma me disse. 2. Há quatro anos ele não vem: o Amor. Eu havia dito que se arriscar era necessário, assim o fiz. Vou continuar dessa forma, felizmente, sem pestanejar. Estava tudo em minha mente.

Um comentário:

Anônimo disse...

Só a leve esperança, em toda a vida...
por Vicente de Carvalho

Só a leve esperança em toda a vida
Disfarça a pena de viver, mais nada;
Nem é mais a existência, resumida,
Que uma grande esperança malograda.

O eterno sonho da alma desterrada,
Sonho que a traz ansiosa e embevecida,
É uma hora feliz, sempre adiada
E que não chega nunca em toda a vida.

Essa felicidade que supomos,
Árvore milagrosa que sonhamos
Toda arreada de dourados pomos,

Existe, sim: mas nós não a alcançamos
Porque está sempre apenas onde a pomos
E nunca a pomos onde nós estamos