02 novembro, 2008

Aqui te espero


Parece-me que nunca vivi para mim.
Outrora, anunciei o meu fim.
Hoje, pretendo a ressurreição de minha alma.
Engano.

Uma alma fortalecida, imagino.
Fortalecida pelo luto
Uma alma que foi renovada pelas noites de pânico,
pela profundidade do vazio,
por tua ausência.

Fortes minhas artérias e veias são o bastante,
pois esnobaram a dor causada pela doação perpétua.
A eternidade terá fim, creio,
ao menos para o meu ser.

Basta de querer te encontrar nas tranquilas lembranças, em uma cena filmada no decorrer de tua exposição.
Sobre o que dizeste?
Para quem o dizeste?

Saber é doloroso,
tu não o vives, ainda.
Cava-te até mim, cava-te!
pois, no abismo, não permanecerei só.



(Obra de Tomie Ohtake, Sem título, 1960)

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