17 agosto, 2007

Feminino


Não pude esperar, e logo que acordei, sentei-me rente a cama macia... Esqueci de agradecer-te.
Eles querem, ainda, corrompê-la. Novamente...
O que seria da saúde que me comporta sem tua força viril?
Como sustento pensamentos lúcidos, lembrando-me justamente de teu afeto feminino?
Ouço constantemente os queixumes das crianças. Desorientadas e famintas...
Sem tua essência não seriam porções humanas, mas corpos tomados por apoucada humanidade.
Ausente o afeto viril feminino que sai de teu toque elas morreriam... não o corpo, mas o espírito.
Nem mesmo o mais desonesto homem seria capaz de suportar por séculos a mentira de que a ti foi dita: de que foste a parte que nos trouxe os males.

Pandora, de Odilon Redon. 1915.

2 comentários:

Anônimo disse...

Dé, odeio ser previsível. Entretanto, ante o conteúdo do texto, e para alguém que tem a sensibilidade de lê-lo, compreendê-lo e posta-lo, eu me vanglorio de ter sido. O texto é deveras sublime, apesar de portador da mais cruel realidade. É como se, por um instante, em um mísero segundo de reflexão, todo o sofrimento feminino fosse substituído pela beleza do (re)conhecimento do divino feminino e da gratidão.
Bjos, e obrigada pelo scrap e pela leitura.

Narciso Silva Pinto disse...

É sempre um exercício de humanidade escrever...
Eu agradeço imensamente a leitura.
Outros mil beijos.