Buscava nas entrelinhas do saber algo que pudesse lhe dar sentido de vida. Com o passar dos anos e convivendo com várias pessoas, viu-se em um dilema tortuoso e infortunado: deveria ser lembrado o tempo todo.
No início da compreensão, não relacionou a determinação pretendida para constituir-se em uma lembrança recorrente recuperada continuamente pelas pessoas que conhecia à vaidade que nutria. Nada demais, até compreender que a vaidade está no rol dos vícios e que sua projeção pessoal seguiria outro modo de viver: as virtudes.
Tomou para si a justiça e iniciou o costume de tratar todos a sua volta da mesma maneira. Assim, poderia aos poucos edificar uma imagem cuja presença se tornaria desejosa e respeitável entre todos.
Condicionou um comportamento ansioso e com detalhes de esperança: sempre recebia chamados para encontros, os mais diversos, mesmo os completamente inúteis e os significativamente despropositais. Desse modo, foi se especializando na solidão – apesar de não perceber as raízes se formando em si próprio –, perdendo o interesse em relacionamentos íntimos e se deparando com o esquecimento, tão temido.
Agora, em frente à tela, procura novos sentidos e deixa os antigos textos – os que escreve e os que lê – incompletos para trás. Sempre para trás. Vão se acumulando aos montes. Desorganizou-se, completamente. Desanimou, porém espera – ironicamente – que num futuro próximo possa ser aceito em um afeto, mesmo ignóbil ou até devasso.
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