Eu perdi aos poucos o controle da minha vida.
Aquele que dizia ser íntimo não condizia com as verdades.
Pouco a pouco se confundiria entre afetos
de se manter toda apreciado.
Eu prometi há poucos dias
que a minha sorte era para o outro lado.
Quem ao menos me percebia
intentava me provocar com desajeitada maestria.
Logo, eu que pertenço a uma incontrolável ironia
desenrolava um fino trato
perguntavam-se o que sentia
entretanto, o peito já maculado.
Ao me ver tão distante
Aquele que se promovia
Descontinuava sua simpatia
Voltando-se contra a minha incompatibilidade.
Já desgastados de um leva e traz de pretensões sem fim
Enxugariam seus intentos ao pé da cama mal arrumado
traziam nenhuma recordação e qualquer fantasia
Mesmo, por fim, ainda inebriados.
Sou humano, sou real e sou vivo. A matéria não me domina, apenas me suporta. Minha essência forma-se a todo momento, assim como um despertar confuso e inseguro. Meu inconsciente realiza-se a favor de outrem. Minha animalidade revela-se quando estou só. A solidão confidencia-me poucas mentiras. Sabes quem eu sou? "Eu sou o que sou!" (O Criador)
11 maio, 2020
10 maio, 2020
O amor nunca vence
Hoje, por respeito próprio, deverei tratá-lo como se fosse desconhecido. Eu tinha tanta coisa para você. Coisas verdadeiramente bonitas, incríveis, minhas e eram todas para serem doadas por motivos da paixão. Beijo demorado é uma delas. Parece fantasioso acreditar nesse encontro de lábios saudosos, mas nunca foi, ao menos, e somente, para mim.
Quando nos conhecemos, saiba que eu não o desejei. Talvez eu nunca tivesse pensado em lhe tocar. Motivado por terceiros, acabei deixando você tentar uma verdadeira aproximação. Verdade, sabe? Não, você se afastou tão distantemente da verdade que agora se tornou um estranho entre os que o querem bem.
A paixão aos poucos foi dando espaço para a cautela. Violência! Pensei em enfrentá-lo, mas deixei que pudesse demonstrar empatia. Não houve e tenho claro que não tem a mínima habilidade da empatia. Seus olhos... naquela noite... seus olhos me assustaram e me questionei: como pode tão jovem corpo sofrer da incapacidade de amar? Qual o tamanho da dor que o transformou inabitado? Sem alma!
Voz vazia, pele sem textura, abraço sem força, mãos ocas, cabelo sufocado pelo chapéu, olhos vendados pelos óculos escuros: poderia, se houvesse refinamento, ser um personagem de histórias de suspense, mas que de fato não passava de um trailer trash. Péssima produção. Verdadeiramente egoísta. Olhos ocos. Monstro!
Exitei, confesso. Envolvi-o, com engasgos na garganta, de palavras doces para meus companheiros. Fingi, declaro. Orquestrei uma aproximação. Engoli o seu orgulho e o modo como me rejeitou na frente de outros. Desumano! Já não me afetava mais.
Provoquei um cenário de paixão sólida. Não se empolgue, era apenas uma atuação.
Hoje você deu a sua própria conta. Criou prova contra si. Amarrou-se de vez no abismo da insensatez. Que a sorte livre os bons de seu caminho.
Se tivesse me solicitado, falta em razão da sua limitação cognitiva, eu o teria conduzido, mesmo que de má-fé por sua escolha, em um modo mais criativo de se vingar de quem não tem a culpa de você ser em nada especial. Você se faz vítima de uma vida que, de fato, não tem sentido algum. Ademais, eu não quis acreditar que pudesse ser uma verdade: seus olhos estavam vazios e continuava a conduzir o próprio corpo para a ruína.
Desejaria a você a sorte de poder um dia, preencher seus olhos com desejos mais verdadeiros que seus beijos e totalmente mais reais que suas palavras. Quando me atenho minha visão para a última imagem sua vejo você debruçado em cima de uma mesa escolar, adormecido, com postura patética de um jovem que já desfalecido espera vingar-se da humanidade por sua única incapacidade de se fazer feliz e a fazer outros encantados, numa enfadonha cena ridícula de conquistas medíocres, de posturas abjetas e singularidades nada originais. Despeço-me, sem olhar para sua direção.
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