De
todos os aprendizados que me ofertaram o mais incrível que não consegui, ainda,
apreender foi beijar. Beijar... Beijo já começa com a segunda letra do
alfabeto. Nada demais até ai. Com o tempo, e com a perda do envergonhamento
juvenil, começamos a beijar bochechas com mais ênfase. Concordo com os críticos
de que beijo desavergonhado é melhor, contudo, não me satisfaz. A envergonhação
intimida até os mais bravos.
Certa
vez percebi, conversando comigo mesmo, que beijo desajeitadamente. Até ai nada
demais, também. Aprendi a coordenação motora, sei caminhar sem tonteadas.
Consigo ficar por poucos minutos com uma perna só. Sei olhar com atenção e
presteza as características de quem (ou do que) me afeta. Sei até “pisar em
ovos”, como dizem os mais humorados, mas, infortunadamente, não aprendi a
beijar.
Ouvi
muitos clamores dos inebriados por aventuras românticas de que o beijo, só por
seu ato de realização, elevaria as sensações e se bastaria. Bastaria...
A quem se basta? Ao patético desafortunado que mal consegue chupar umas
laranjas? Ao ridículo que deseja os lábios de alguém que não lhe deposita ao
menos uma piscadela? Ao esdrúxulo casal, em banco carcomido da praça,
envolvendo-se em prisões desnecessárias a um espetáculo grotesco em frente à
população invejosa? Ou a você que nunca permitiu ser beijado (a) com afinco?
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