Parecia estar em mais um tempo de descobertas. Não era antigo demais para deixar de perceber os grandes detalhes estéticos humanos: as curvas; e tão pouco jovem o bastante para se esquivar na timidez da idade. Foi com uma lupa ocular, quase de nascença, que o fez ter um olhar de perito. Descobrir curvas humanas. As mais belas, todavia. Com o passar dos anos, aprimorou o foco e, como se gracejasse em conversa alheia, notou! Era demasiado observador e não era por curvas quaisquer: era pelas mais formosas, as que aquietavam-se num corpo ordenadamente... num corpo...
Antenado com as Artes, pousou sua atenção em quadros renascentistas e foi se debruçando, logo, em outros tantos de posteriores épocas. Da Vinci! Ah, Da Vinci! Como queria ter presenciado os diálogos que tivera com aquela mulher. Seu nome se parece com poema e sua face era a verdadeiro despropósito: seria o seu esplendor. Seria... é! Que curvas! Levemente davam vida àquela face. Uma demorada sombra nos lábios superiores levaram a criar uma sensação de paz. Qual sensação mais nobre repousaria em seus lábios?
Adiante, recuperou a concretude da vida. Esqueceu-se, porém de orar para a luz. Despreocupou-se com o contraste e... ZAP! Perdeu-se. Foram noites e madrugadas sem sonhos. Manhãs que inexistiam formas. Apenas abstrações. Retas. Losangos. Triângulos. Caducos. Vazios. E, certa vez, de repente... surge uma curva discreta, em um sorriso desavergonhado. Certeiro. Acertado. Dado a requintes de bom trato. De entortar o pescoço para admirar. Vejam só! É, então, ai que renasceu a cor, o brilho e uma luminosidade cujo contorno deve ficar gravado em mim para sempre.
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