Passamos a maior parte dos vinte
anos reclamando. Como ainda não fiz quarenta, penso que os trinta não serão
muito diferentes.
Há poucos anos, declarei em boa
voz que não gostava de dormir. Para a maior parte das pessoas, não considerando
aquelas que nem sequer ousaram levantar as pálpebras para me censurar, eu
estava em devaneio, dizendo: “Ah, mas é você mesmo.” Ou: “Mas você também...”
Ou, por fim: “Só você mesmo.”
Independente das formulações, a
mensagem sempre é a mesma e absolutamente previsível: você não é normal, e se
for, está delirando.
Quem se desconforta é o outro que
está habituado a pensar que viverá para sempre. Quem se desconfortou, outrora,
é porque percebeu que o finito é imprevisível e, somente, ele o é. Quem se
desconfortará, poderá não ter mais instante intrigante para viver as
circunstâncias. O que eu tenho a ver com o desconforto dessas pessoas? Tudo, eu
sou tudo a ver.
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