Foi um dia de encanto, julgo
assim. Não me pertencia a tarde, sobretudo a lua cheia que nos banhou. Senti forte
sensação de esperança e nos tivemos. Lá estávamos cúmplices e distraídos. Cooperamos
nas palavras, gentis palavras. Sorríamos conforme o movimento do corpo nos
desinibia e os instrumentos conduziam. Havia inúmeras pessoas, mas não as notei.
Foram as frutas, as de dentro em
forma de suco e as usadas como luvas sobre o corpo, acalmando-o por meu excesso
anterior.
Fomos bobos, olhares cruzados
para uma sentença de final qualquer.
Senti a felicidade por estar ali.
Vivi! Totalmente pertencente a mim. Sabendo que por um determinado tempo seria
de minha vista. A aflição era ouvir: “Preciso ir embora”. É perene esta
sensação quando juntos.
Conversamos como responsáveis
pelos nossos destinos apesar da timidez. O sorriso ofertado era suficiente,
demonstrando sinceridade. Alento. E o medo sendo acalmado em mim por tentar
sufoca-lo, contudo.
Ouvia poucos ruídos ao meu redor.
Existiu um círculo a nossa volta cuja pretensão só se direcionou para a
unicidade, para quem me conduzia. Mesmo assim meu coração não palpitou aceleradamente.
Por que não? Deve ser porque criamos história.
Brincamos de acordo com o ritmo
do ambiente, sobre os trilhos de uma infância que para mim e para você não retornarão.
Nunca fomos crianças juntos para poder permitir um presente encantador. Unicamente
de minha parte, talvez. Deve ser pela maciez de sua voz, pelo descompasso charmoso
dos seus gestos, pela incompreensão de não viver vontades comigo que vivo esta
ilusão. Acabamos como o usual. Uma cama saudosa, um corpo solitário e uma
grandeza que se intimida por pensamentos existencialistas. Já está ausente.
Comprometer-me-ei com esta
confissão sabendo, por fim, que certo dia nós não mais dispostos estaremos para
um dócil passeio, apesar de cooperar com seu pedido de espera. O agora foi tornado
memória e existirão noites que a solidão será desavergonhadamente íntima.
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