Até parece um dia comum de inverno. Não que eu quisesse pensar na estação e clima exclusivamente, nas temperaturas que influenciam meu descanso e o pouco repouso após o almoço. Mas o tempo agora, este em que vivemos, me traz algumas inquietações: viver sentindo o mórbido cotidianamente e inebiar-se com o frescor da jovialidade alheia.
O outro parece atraente, sem receios, descobridor das sensações, pesquisador de temáticas antes inexplicáveis e ousadas, ouvinte do passado e recriador do poético moderno. Surge desse modo uma questão: onde este jovial ser se insere na sociedade local, cada vez menos própria de uma leitura histórica e ativa politicamente, e qual papel representa para mim?
Em textos outrora escritos vivifiquei minhas vontades de contribuir com parcela de leituras acadêmicas e reflexões feitas, como a não discriminação de gênero e sexual, a manutenção e modesto consumo dos bens industrializados, a (re)valorização dos direitos políticos e humanos etc. Todos os bens humanos modernamente pretendidos, insistentemente discutidos e propositadamente pertencedores de propósito desconsiderável pelos detentores do poder local e internacional.
Mas que nada! O valioso som que a dúvida permite imprimir pelo jovem, naquele instante de atenção, parcialmente desconsiderado, valeu para uma nova impressão pessoal: o fundamental viver coletivamente. A nova tentativa, a firmação do passo e ritmo de leitura para as ações políticas, a maneira de reverter a violência velada e muitas vezes descarada dos ignorantes, o diálogo harmonioso nos espaços familiares, a intenção pelo todo no ambiente público e, mais ainda, a perspectiva pelo fortalecimento do saber, a fim de recomeçar os processos pessoais, foram recapitulados.
Quase sempre permiti tratar sobre o antigo em vista de uma recriação do viver humano presente. Hoje, precisei perceber mais atento o novo, o que está aqui comigo e junto a mim para encontrar um humano sentido de vida. Sem amarras ideológicas. Próprio de si. Próprio para o outro.
(Re)encontrei o sentido já enfraquecido. Contudo, fico especulando como uma criança: o que há nos olhos desse jovem que me idolatra?
Se a relação presente me permitir, voltarei a reescrever sobre o novo. Caso contrário, retorno para o conforto do antigo. Ouso aproximar minha intenção a de Claude Lévi-Strauss, que em entrevista proclamou não estar para o mundo que será ocupado por bilhões de pessoas e sim para o mundo das sociedades do passado, cujas análises foram feitas.