21 julho, 2008

Várias Noites

Esses bichos são a extensão da miséria.
Voam como se fossem os donos do ar.
Ar que se eu respirasse profundamente
Perderia-o.

Destrói-se, hoje, quase tudo.
Inclusive a esperança do ser.
Ser ambiente, ser vivo e ser gente.
Pior seria se não pudéssemos nem viver.

Gente, eu vivo em um ar
Ares e males
Vivo, porém.

Vieram e me contaram
Contaram que o ar virou morada de bicho
Um tormento gratuito
Atraso de sono
Coceiras
E eu vivi.


Cama, colcha
Se nos faltam os retalhos
preferiríamos a palha.
Ai sim! Feito, pois.
O barbeiro majestade.
O grilo minha depressão.
O pernilongo minha insônia.

Ouvi tanto bicho ao me deitar
Que se eu sonhasse... com a mata
Estaria cravado.
Pensei, contudo:
- Aqui jaz um defunto!
Jaz, aqui, um bicho.

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