27 julho, 2008

Descoberta primeira

Envio

Já não se sabe o momento exato de partir e
não quero me entregar tão cedo.
Aquela paixão que eu senti quando te conheci, não está rolando mais faz tempo.
Já não vejo mais o brilho dos teus olhos para mim.
Nem sei se ainda posso mesmo te fazer sorrir. Creio, porém, que sim.
Cada momento que passamos juntos foi aprendizado, apenas para mim, aparentemente.
Mas tudo o que foi bom se acabou. O pior, permanece, enfim.
E quando penso em ir embora, tu não queres dar motivos. Amedronta-se!
Disse que estou perdendo a paixão que tenho no coração. Se ainda há coração, devo ter perdido.
Eu fico disfarçando, finjo que não entendo e em pouco tempo relembro tudo outra vez.

Resposta

Tuas palavras não me prenderam momentaneamente.
Enxergo, claramente, teus desejos.
Fontes. Inspirações. Desejos egoístas.
Fogo como provocação. Súbita vontade de me ter, mesmo arredio. Inconfesso.
Se meu foco... Se foste tu... Seria e não é...
Teríamos juntos o outono mais sombrio.
Faltas e acomodações.
Requeres momentos. Dúvidas vis. Inseguro de mim e de nós.
Olhares esparsos nos cercariam.
Pois bem, foi!
Hodierno, vivifico o perpétuo.
Jamais o momento.

21 julho, 2008

Várias Noites

Esses bichos são a extensão da miséria.
Voam como se fossem os donos do ar.
Ar que se eu respirasse profundamente
Perderia-o.

Destrói-se, hoje, quase tudo.
Inclusive a esperança do ser.
Ser ambiente, ser vivo e ser gente.
Pior seria se não pudéssemos nem viver.

Gente, eu vivo em um ar
Ares e males
Vivo, porém.

Vieram e me contaram
Contaram que o ar virou morada de bicho
Um tormento gratuito
Atraso de sono
Coceiras
E eu vivi.


Cama, colcha
Se nos faltam os retalhos
preferiríamos a palha.
Ai sim! Feito, pois.
O barbeiro majestade.
O grilo minha depressão.
O pernilongo minha insônia.

Ouvi tanto bicho ao me deitar
Que se eu sonhasse... com a mata
Estaria cravado.
Pensei, contudo:
- Aqui jaz um defunto!
Jaz, aqui, um bicho.