27 junho, 2008

"No Paraíso da Ilusão"

Após uma década, ainda consigo, graças a uma memória vigorante, recordar-me dos sorrisos desta autora. Ao lado do barulho, da rotina embaçada, dos vultos humanos e do desentendimento vil relembro-me do encanto que é receber um sorriso ao invés de uma indiferença. O credo no humano não me permitirá, mesmo que doa, arrastar-me para longe de ti.
Graças ao sorriso dela, também, posso reafirmar meu desejo em viver. O seu exemplo é maior!
Transcrevo um breve poema, que expõe uma ferida ainda aberta. Minha alma sempre o possuiu, contudo.

Gostaria

Gostaria de não gostar de ti
então saberia como é viver em paz
Queria ser capaz
de te esquecer
Por que tua imagem não sai da minha mente
e pára de me perturbar?
Gostaria de um dia acordar
e em ti não mais pensar
Quero ser quem eu não sou
viver o que não vivo
e sentir o que não sinto
Ou ao menos saber o que não sei
não pensar em quem penso
e não amar a quem eu amo
Não gostaria de ser normal
se o normal das pessoas for amar e sofrer
E tão-somente correr para bem longe
e deixar de te pertencer.

Paula Bueno
(Janeiro, 1998)

09 junho, 2008

Resistirei

Par
Hoje acredito em nós,
não juntos, menos separados,
mas distantes. Longe, porém.

Humanos
Perdemos, vivemos
Voltamos e circulamos como o vento bravio
outrora manso, sorrateiro.

Perdi, perdi forças
Perdi
em batalha, mãos alheias feriram.
Incentivadas pelo demasiadamente humano.

A Fidelidade se perdeu
E tentou me levar com ela.
Perdemo-nos em um círculo de dizeres ignorantes.
Perdemo-nos no início da relação amigo-amorosa.

A Fidelidade cobrou-me ciúme.
Desejei perdê-la, então.

Perdi a Fidelidade para o ciúme,
algo dado, repassado, ignorante, vil.
Infortúnio de crença!
Transeuntes desamparados
por algo perpetuamente herdado.

Viram-nos amantes-amigos
Reviraram-nos pelos lados menos conscientes.
Julgaram os lados internos.

Não perdi somente a Fidelidade.
Perdi minha oração para o humano,
abaixo de um Céu empobrecido pela tormenta das mudanças atuais.

Sem questões, apenas afirmações claras.
Cônscias, resistentes.
Inemocionais.
Solitárias.

Jamais nos perderei.
Cativo-te, cativo-lhos.
Eterno responsável.
Entretanto,
perdi a Fidelidade para o ciúme.

02 junho, 2008

Amor-amizade

"O amor em forma de amizade deveria impregnar todas as relações e estender-se a toda a humanidade, porque @s amig@s se aceitam em suas limitações. [...]
É próprio desse amor não haver dominador(ra) nem dominado(a). [...]
É movida pelo desejo de justiça, igualdade de oportunidades e efetivação da dignidade humana: ama-se a tod@s sem exclusividade."

(Texto de Neusa Vendramin Volpe e Ana Maria Laporte. Adaptação de André Luiz Martins)