Após uma década, ainda consigo, graças a uma memória vigorante, recordar-me dos sorrisos desta autora. Ao lado do barulho, da rotina embaçada, dos vultos humanos e do desentendimento vil relembro-me do encanto que é receber um sorriso ao invés de uma indiferença. O credo no humano não me permitirá, mesmo que doa, arrastar-me para longe de ti.
Graças ao sorriso dela, também, posso reafirmar meu desejo em viver. O seu exemplo é maior!
Transcrevo um breve poema, que expõe uma ferida ainda aberta. Minha alma sempre o possuiu, contudo.
Gostaria
Gostaria de não gostar de ti
então saberia como é viver em paz
Queria ser capaz
de te esquecer
Por que tua imagem não sai da minha mente
e pára de me perturbar?
Gostaria de um dia acordar
e em ti não mais pensar
Quero ser quem eu não sou
viver o que não vivo
e sentir o que não sinto
Ou ao menos saber o que não sei
não pensar em quem penso
e não amar a quem eu amo
Não gostaria de ser normal
se o normal das pessoas for amar e sofrer
E tão-somente correr para bem longe
e deixar de te pertencer.
Paula Bueno
(Janeiro, 1998)
Gostaria de não gostar de ti
então saberia como é viver em paz
Queria ser capaz
de te esquecer
Por que tua imagem não sai da minha mente
e pára de me perturbar?
Gostaria de um dia acordar
e em ti não mais pensar
Quero ser quem eu não sou
viver o que não vivo
e sentir o que não sinto
Ou ao menos saber o que não sei
não pensar em quem penso
e não amar a quem eu amo
Não gostaria de ser normal
se o normal das pessoas for amar e sofrer
E tão-somente correr para bem longe
e deixar de te pertencer.
Paula Bueno
(Janeiro, 1998)